Governo Trump: Trump prometeu em sua campanha deportar as pessoas sem documentos (Kevin Lamarque/Reuters)
AFP
Publicado em 16 de junho de 2017 às 19h45.
Última atualização em 16 de junho de 2017 às 22h03.
O governo de Donald Trump anunciou o cancelamento de um plano para legalizar milhões de imigrantes em situação ilegal com filhos nascidos nos Estados Unidos, mas disse que manterá por enquanto o Daca, que protege da deportação centenas de milhares de jovens.
Trump prometeu em sua campanha deportar as pessoas sem documentos, construir um muro na fronteira com o México e acabar com o Daca, que permite a até 1,7 milhão de jovens trazidos aos Estados Unidos ilegalmente por seu pais estudar, tramitar permissões de trabalho e ter carteira de motorista.
Mais de 750.000 cidadãos foram acolhidos pelo programa.
Mas depois de sua eleição, Trump moderou a sua opinião sobre o popular Daca, e o Departamento de Segurança Interna anunciou em seu site na quinta-feira à noite - quinto aniversário do programa - que por enquanto continuará vigente.
Entretanto, uma proposta de Obama de 2014 também para proteger da deportação 3,6 milhões de mães ou pais de crianças nascidas nos Estados Unidos, muitos deles residentes no país há anos, foi eliminada, anunciou o governo.
Esse programa, conhecido como Dapa, nunca foi implementado devido ao risco de processos judiciais.
Após o anúncio do Dapa pelo governo Obama, 26 estados apresentaram um processo em um tribunal federal do Texas e conseguiram bloqueá-lo.
No ano passado, a Suprema Corte tratou o caso e não chegou a um veredito, fazendo com que a sentença da corte texana seguisse vigente.
Grupos pró-imigrantes comemoraram com cautela a decisão do governo de continuar com o Daca, embora lamentassem que as permissões renováveis só durem dois anos ao invés dos três fixados por Obama.
O governo Trump "agora diz que não voltará atrás no Daca", tuitou Cecillia Wang, vice-diretora legal da organização de defesa dos direitos civis American Civil Liberties Union (ACLU).
Mas criticaram a anulação do Dapa. Antonio Alarcón, um "dreamer" e jovem ativista da ONG Make the Road New York (MRNY), disse que "os imigrantes não serão intimidados". "Seguiremos defendendo nossas famílias e resistiremos à agenda de ódio do governo de Trump com cada fibra de nosso ser".
César Vargas, também um "dreamer" nascido no México e o primeiro advogado abertamente em situação ilegal de Nova York, lamentou a anulação do Dapa.
Nossas famílias "ficarão vulneráveis à máquina de deportação de Trump", disse Vargas, codiretor da organização Dream Action Coalition, cuja mãe é imigrante em situação ilegal e vive no país há mais de 30 anos.