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Governo tailandês propõe eleições e dissolve Parlamento

O líder do movimento opositor, Suthep Thaugsuban, pediu a seus partidários que "prossigam com o combate", apesar do anúncio da primeira-ministra

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2013 às 10h58.

Bangoc - A primeira-ministra tailandesa, Yingluck Shinawatra, anunciou nesta segunda-feira a dissolução do Parlamento e pediu eleições "o mais rapidamente possível", em uma nova tentativa de acabar com a crise política no país, mas não conseguiu acalmar os manifestantes determinados a derrubar o governo.

O líder do movimento opositor, Suthep Thaugsuban, pediu a seus partidários que "prossigam com o combate", apesar do anúncio da primeira-ministra.

"Meus partidários querem mais que a dissolução", declarou Thaugsuban, que está em posição de força depois que 140.000 pessoas saíram às ruas nesta segunda-feira em Bangcoc para exigir a renúncia do governo.

A primeira-ministra Yingluck Shinawatra pediu eleições legislativas "o mais rápido possível", depois de anunciar a dissolução do Parlamento.

"Com base em consultas com diferentes partes, submeti a dissolução do Parlamento à aprovação do rei", afirmou em um discurso exibido na TV.

No domingo, o principal partido da oposição (Democrata) na Tailândia anunciou que todos os seus deputados vão renunciar, o que agrava ainda mais a crise política que afeta o país há várias semanas.

"O governo está disposto a dissolver o Parlamento, se a oposição assim desejar", disse a primeira-ministra em declarações transmitidas pela televisão, indicando que as eleições devem acontecer em um prazo de 60 dias.

Se, mesmo assim, "os manifestantes ou um importante partido político não quiser participar ou não aceitar os resultados das eleições, só vai prolongar o conflito", acrescentou.


Os líderes opositores já afirmaram que não vão se conformar com a convocação de eleições, o que causou um bloqueio político que gera riscos de confrontos violentos entre manifestantes e policiais, como já ocorreu na semana passada.

Os 140.000 manifestantes desta segunda-feira caminharam por várias ruas da capital até a região dos principais edifícios do governo.

"Não queremos mais política. Não queremos mais eleições. Apenas os manifestantes podem escolher o próximo governo. Nós elegemos, depois o rei o nomeia", declarou um manifestante que pediu anonimato.

A situação permanece muito tensa após vários dias de confrontos na semana passada, quando a polícia usou gás lacrimogêneo, jatos de água e balas de borracha contra manifestantes, que responderam com pedras.

Manifestantes e policiais respeitaram uma trégua temporária a partir de quarta-feira, com exceção de uma ala radical, por ocasião do aniversário do rei Bhumibol na quinta-feira.

Os manifestantes também querem o fim do que chamam e "sistema Thaksin", pelo nome do irmão de Yingluck, ex-primeiro-ministro derrubado por um golpe de Estado em 2006 e que, apesar de seu exílio, permanece no centro da política do reino.

A oposição conseguiu reunir 180.000 pessoas no auge das manifestações contra Shinawatra, acusada de ser uma marionete de seu irmão.

Um projeto de lei de anistia que foi elaborado na medida para Thaksin, segundo a oposição, provocou os protestos. O ex-premiê se exilou para escapar de uma condenação por desvio de recursos públicos.

Em 2010, cerca de 100.000 "camisas vermelhas" partidários de Thaksin ocuparam o centro de Bangcoc para exigir a renúncia do governo na época, em um protesto que foi violentamente reprimido pelo Exército.

A crise, que deixou cerca de 90 mortos e 1.900 feridos, criou profundas divisões na sociedade entre as massas rurais e urbanas desfavorecidas do norte e do nordeste, fiéis a Thaksin, e as elites da capital que gravitam em torno do palácio real, que as veem como uma ameaça à monarquia.

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