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Governo sírio reforça bombardeios em Damasco antes de negociações

Os rebeldes e o regime haviam acordado um cessar-fogo em Qaboun em 2014, mas a violência foi retomada nos últimos dias

Bashar al-Assad: o principal grupo da oposição acusou no domingo o regime de intensificar seus ataques (AFP)

Bashar al-Assad: o principal grupo da oposição acusou no domingo o regime de intensificar seus ataques (AFP)

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AFP

Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 13h06.

As forças do governo sírio acentuaram nesta segunda-feira sua campanha de bombardeios contra posições rebeldes na periferia de Damasco, dias antes da abertura das negociações de Genebra.

Os representantes da oposição síria e do presidente Bashar al-Assad devem se encontrar na quinta-feira para tentar, mais uma vez, acabar com seis anos de uma guerra que deixou mais de 310.000 mortos.

Mas, nesta segunda-feira, as forças do regime intensificaram seus bombardeios na periferia da capital da Síria, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) e militantes no terreno.

"Os ataques aéreos mataram sete pessoas, incluindo uma mulher e uma criança, e feriram outras 12 em Barze", um bairro controlado pelos rebeldes no norte de Damasco, afirmou o OSDH.

Morteiros também atingiram Qaboun, outra área rebelde no nordeste da capital.

Os rebeldes e o regime haviam acordado um cessar-fogo em Qaboun em 2014, mas a violência foi retomada nos últimos dias.

Pelo menos 16 pessoas foram mortas no sábado, quando morteiros disparados pelo exército atingiram um funeral em Qaboun, de acordo com o Observatório.

"Hoje (segunda-feira) é o terceiro dia de bombardeios, com morteiros e foguetes", confirmou à AFP Hamza Abbas, contactado pela internet, afirmando ouvir o som incessante dos bombardeios.

"Os bombardeios têm como alvo três bairros, Qaboun, Barze e Techrine", acrescentou.

Uma fonte militar contactada pela AFP não quis comentar a situação.

Mensagem sangrenta

O principal grupo da oposição acusou no domingo o regime de intensificar seus ataques e denunciou "uma mensagem sangrenta", destinada a sabotar as negociações de paz programadas para esta semana em Genebra.

Os recentes bombardeios perto de Damasco, na província de Homs e em outras partes do país, "comprometem os esforços para alcançar uma transição política na Síria", denunciou em um comunicado o Alto Comitê de Negociações (HCN).

Esta aliança, formada em dezembro de 2015, reúne uma vasta gama de grupos da oposição política e da rebelião, e irá representá-los na quarta rodada de discussões em Genebra.

"Esta é uma mensagem sangrenta de um regime criminoso que, poucos dias antes da abertura das negociações em Genebra, demonstra a sua rejeição a qualquer solução política", afirma o HCN.

A delegação do HCN será liderada pelo advogado Mohammad Sabra, substituindo Mohammed Allouche, do poderoso grupo rebelde do Exército do Islã, presente na região de Ghouta, o grande subúrbio a leste de Damasco, que está na mira do exército há meses.

O regime de Assad está "absolutamente determinado a se livrar deste enclave rebelde, de uma forma ou de outra", escreveu Aron Lund, em uma análise publicada pelo Centro Carnegie de Oriente Médio.

Punhal

"Mesmo enfraquecidos e cercados, os rebeldes em Ghouta oriental representam um punhal apontado para o coração do regime de Assad e mobilizam milhares de soldados", explica ele.

Invadir esta região pode ter um impacto significativo sobre as conversações de paz, "porque a delegação da oposição não terá um grande valor" sem o Exército do Islã, disse Aron Lund.

Esta será a quarta rodada de negociações realizadas sob os auspícios da ONU, na Suíça.

Mas desde a última reunião, em abril de 2016, os rebeldes perderam a sua fortaleza na zona leste de Aleppo e devem levar em conta a nova parceria entre o seu principal aliado, a Turquia, e a Rússia, que apoia o regime.

Ancara e Moscou uniram forças em dezembro para impor uma frágil trégua entre os rebeldes e o governo.

Juntamente com o Irã, os dois países organizaram duas rodadas de negociações entre o governo e os principais grupos rebeldes em Astana, capital do Cazaquistão.

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