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Governo sírio acusa parte da oposição de ser terrorista

O chefe do grupo "Exército do Islã" recentemente declarou que só poderiam negociar quando o presidente Bashar al Assad estiver morto ou fora do poder


	Síria: "Eles são parte de uma facção terrorista que matava civis, não vamos começar as negociações diretas com eles até que peçam desculpas"
 (Bassam Khabieh / Reuters)

Síria: "Eles são parte de uma facção terrorista que matava civis, não vamos começar as negociações diretas com eles até que peçam desculpas" (Bassam Khabieh / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2016 às 11h37.

Genebra - O governo sírio questionou nesta quarta-feira a presença na delegação da oposição das negociações indiretas de paz do grupo denominado "Exército do Islã", uma facção armada que consideram "terrorista".

"Eles são parte de uma facção terrorista que matava civis, e por isto não vamos começar as negociações diretas com eles até que peçam desculpas", declarou o chefe da delegação do regime de Damasco, Bashar Jaafari.

O chefe desse grupo rebelde, Mohamad Alloush, atua como chefe negociador da delegação opositora, e recentemente declarou que só poderiam negociar com o governo quando o presidente Bashar al Assad estiver morto ou fora do poder.

Jafaari acrescentou que há grupos da oposição que tentam "monopolizar" a delegação da parte contrária, e defendeu a necessidade de que ela represente "o mais amplo espectro da sociedade síria".

Ao término de sua segunda reunião de trabalho com o mediador da ONU, Staffan de Mistura, o representante do governo sírio afirmou que avançaram em "questões práticas para aplainar o caminho para negociações bem-sucedidas".

"Estamos no momento de consultas relacionadas com o formato das conversas - referindo-se à representatividade da oposição - para nos movimentarmos em direção à agenda e às questões de fundo", comentou.

"A reunião foi útil e promissora", destacou Jafaari, em uma significativa mudança de atitude em relação à rodada de negociações anterior, há seis semanas, que teve que ser suspensa pelo mediador pela incapacidade de avançar nas consultas.

Por outro lado, o governo sírio rejeitou qualquer tentativa de mudança na integridade territorial do país, em reação às informações de que os grupos curdos que controlam partes do norte da Síria se preparam para declarar um sistema federal.

"As bases das negociações indiretas (entre governo e oposição) proíbem colocar tal cenário. Do que falamos aqui é de manter e respeitar a unidade e a integridade territorial da Síria", declarou Jaafari à imprensa.

Ao término da reunião com a delegação governamental, o adjunto do mediador da ONU, Ramzy Ezzeldin, lembrou que o texto constitutivo das Nações Unidas é claro em relação ao princípio do respeito da soberania e da integridade de seus Estados-membros.

O chefe da delegação governamental também se referiu à decisão da Rússia de retirar a maior parte de suas forças aéreas da Síria, onde operavam desde setembro com o objetivo declarado de bombardear posições do Estado Islâmico e da Frente al-Nusra.

"A decisão foi tomada de forma conjunta e coordenada pelos presidentes dos dois países", assegurou.

"Não foi uma surpresa para nós. A Rússia, nossa amiga e aliada, chegou à Síria por uma decisão comum e sua retirada parcial ou total será sempre uma ação coordenada com a Síria", sustentou.

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