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Governo palestino acusa Israel por morte de dirigente

Ziad Abu Ein, de 55 anos, faleceu na quarta-feira depois de participar de um protesto contra a colonização israelense

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas (d), cumprimenta a família de Ein no funeral, em Ramallah (Thomas Coex/AFP)

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas (d), cumprimenta a família de Ein no funeral, em Ramallah (Thomas Coex/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2014 às 10h48.

Ramallah - O governo palestino acusou Israel de ser o responsável pela morte de um de seus principais dirigentes, após um confronto com o exército israelense que mobilizou mais tropas nesta quinta-feira na Cisjordânia ocupada para enfrentar eventuais manifestações.

"Em virtude dos resultados da necropsia, o governo palestino considera Israel completamente responsável pela morte de Ziad Abu Ein", disse o porta-voz do governo, Ehab Besaiso, em uma entrevista coletiva, ao lado do legista Saber al-Alul.

Ziad Abu Ein, de 55 anos, faleceu na quarta-feira depois de participar de um protesto contra a colonização israelense, perto de uma localidade de Ramallah, na Cisjordânia ocupada, que acabou provocando incidentes.

A morte revoltou os palestinos e provocou temores de uma nova espiral de violência. O clima é de grande tensão há alguns meses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Autoridades e cidadãos palestinos caminharam nesta quinta-feira até o prédio em que fica o gabinete do presidente Mahmud Abbas. Depois entraram no cortejo fúnebre.

Ativistas carregavam o caixão de Abu Ein, envolto na bandeira palestina, enquanto cantavam músicas nacionalistas e gritavam "Vingança" ou "Seu sangue não será derramado em vão".

As escolas permaneceram fechadas em um dia de luto e fotografias de Abu Ein foram espalhadas nos muros de Ramallah.

As tropas israelenses foram mobilizadas para evitar possíveis confrontos, em particular porque o cemitério fica perto do assentamento judaico de Psagot.

"Decidimos mobilizar nesta quinta-feira um reforço de dois batalhões de soldados e duas unidades de guardas de fronteira na Cisjordânia", declarou à AFP uma porta-voz do exército.

A questão dos assentamentos

Abu Ein era o 'ministro' responsável por lidar com a colonização israelense dentro da Autoridade Palestina. Ele morreu depois de ser agredido e empurrado por soldados israelenses que dispersavam, com o uso de gás lacrimogêneo, um protesto de 300 pessoas em Turmus Ayya contra os assentamentos hebraicos.

Segundo uma fonte das forças de segurança palestinas, Abu Ein foi atingido pelos soldados com a culatra dos fuzis. Ele é a personalidade palestina mais importante a morrer em tais circunstâncias em muito tempo.

Abbas condenou a ação "bárbara" que provocou a morte do dirigente.

Imagens do enfrentamento mostram que três soldados agarraram Ab Ein, que foi agredido no peito durante a confusão. Ele desmaiou e foi atendido por um médico militar israelense, mas não resistiu e faleceu no hospital.

Segundo os palestinos, os resultados da necropsia revelam que Abu Ein morreu em consequência da ação das tropas israelenses.

"As causas da morte de Abu Ein foram os golpes recebidos das forças (israelenses) de ocupação e o intenso uso de gás lacrimogêneo", disse à AFP o ministro palestino de Assuntos Civis, Husein al-Sheikh.

O ministro israelense da Saúde afirmou que a morte foi provocada pelo "bloqueio de uma artéria coronária, o que pode ter sido causado por estresse. Também disse que Abu Ein tinha problemas de saúde, incluindo uma doença cardíaca".

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enviou uma mensagem a Abbas na qual destacou a "necessidade de acalmar as coisas e agir de forma responsável".

A morte de Abu Ein acontece meses depois de uma grande tensão entre israelenses e palestinos: a guerra em Gaza no verão (hemisfério norte), uma onda de atentados em Israel, assim como distúrbios na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, além de anúncios de novas construções de colônias hebraicas.

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