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Governo Milei: corte de subsídios começa em janeiro e tarifas de luz e transporte vão subir

Novo presidente da Argentina desvalorizou câmbio oficial e anunciou redução de várias despesas públicas na noite de terça, 12

Javier Milei, presidente da Argentina, durante sessão do Congresso (AFP)

Javier Milei, presidente da Argentina, durante sessão do Congresso (AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 13 de dezembro de 2023 às 10h04.

Última atualização em 13 de dezembro de 2023 às 14h39.

No dia seguinte ao anúncio de um mega pacote de medidas econômicas na Argentina, o governo de Javier Milei ainda está explicando aos poucos como as mudanças vão ser implantadas. Ao mesmo tempo, a sinalização é de que mais mudanças devem ser anunciadas nas próximas semanas.

A redução dos subsídios às tarifas de energia, água e gás e ao transporte público deve começar a ser implantada em 1º de janeiro, disse Manuel Adorni, porta-voz da Presidência, em entrevista coletiva na manhã desta quarta, 13. Com isso, o preço pago pelos argentinos por estes serviços vai subir. O gasto do governo com subsídios equivale a 2% do PIB, de acordo com dados do jornal Clarín.

Os detalhes de como essa redução funcionará na prática serão anunciados nos próximos dias. "Há algumas circunstâncias que requerem mais tempo", disse Adorni. Ele disse que o modelo atual é "ridículo pela diferença que há entre a AMBA (área metropolitana de Buenos Aires) e o interior do país".

O porta-voz disse ainda que as mudanças são uma base para um plano de reformas estruturais, que será lançado nas próximas semanas, e que o pacote já anunciado é um pontapé inicial para este processo.

"Anunciamos um pacote de medidas urgentes e inevitáveis para evitar a catástrofe. Encontramos um paciente em terapia intensiva, perto de morrer", disse ele, sobre a situação da economia argentina.

"Quando alguém gasta mais do que tem, há duas alternativas: ou se endividar com um banco ou cartão de crédito ou pedir empréstimo a um amigo. Aqui não temos nenhuma das duas porque os bancos privados já não confiam na Argentina, e nos destacamos no mundo por ser caloteiros em série. E o amigo, que é o Banco Central e sua máquina de imprimir cédulas já não vai mais financiar um só peso do Tesouro", afirmou.

O governo Milei quer levar o país rumo ao déficit fiscal zero, sendo que a situação atual é de déficit fiscal de 5,2% do PIB, segundo o jornal Clarín.

Na noite de terça, 12, o ministro da Economia, Luis Caputo, anunciou um pacote de medidas para cortar gastos públicos e tentar recuperar a economia da Argentina. Entre as medidas, a principal delas é a desvalorização do câmbio oficial: um dólar passará a ser vendido por 800 pesos, sendo que antes estava cotado a 400.

A mudança aproxima o câmbio oficial do câmbio paralelo, chamado de dólar blue, cuja cotação supera 1.000 dólares por peso.

As outras medidas incluem:

  • Os contratos de trabalho com o Estado com menos de um ano de vigência não serão renovados.
  • Anúncios publicitários do governo serão suspensos por um ano.
  • As secretarias serão reduzidas de 106 a 54. Os ministérios já foram cortados de 18 para 9.
  • Transferências do governo federal para as províncias serão reduzidas de 0,8% do PIB para 0,5%.
  • Não haverá novas obras públicas. As que já foram licitadas e não iniciadas serão canceladas.
  • Subsídios a energia e transporte serão suspensos.

Milei tomou posse no domingo, 10, como presidente do país. Desde que venceu as eleições, ele vem dizendo que será preciso fazer um ajuste duro no país para reduzir os gastos públicos e, assim, conter a inflação, que supera os 140% ao ano.

O país também busca recuperar credibilidade internacional e, assim, obter mais crédito e investimentos para resolver outro problema de longo prazo: a falta de dólares para honrar compromissos externos. Já medidas mais radicais prometidas por Milei na campanha, como dolarizar a Argentina e fechar o Banco Central, não estão mais sendo faladas por hora.

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