Primeiro-ministro indiano, Narendra Modi: o líder do gigante asiático, em discurso divulgado pelo governo indiano, lembrou que o grupo insurgente respeitou um cessar-fogo durante praticamente as duas últimas décadas (PRAKASH SINGH/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2015 às 14h32.
Nova Délhi - O governo da Índia e um dos principais grupos separatistas da região oriental de Nagaland, o NSCN-IM, assinaram nesta segunda-feira um acordo de paz qualificado de "histórico" pelo primeiro-ministro do país, Narendra Modi, após décadas de violência e milhares de mortos.
"A violência nunca resolveu nenhum problema" e "o problema político Naga resistiu durante seis décadas, com um enorme número de vítimas", disse Modi após presenciar em Nova Délhi a assinatura de membros de seu governo e representantes do Conselho Nacional Socialista de Nagaland-Isak Muivah (NSCN-IM, em inglês).
O líder do gigante asiático, em discurso divulgado pelo governo indiano, lembrou que o grupo insurgente respeitou um cessar-fogo durante praticamente as duas últimas décadas, mas lamentou que um conflito que é "herança" de época colonial britânica "tenha demorado tanto para ser resolvido".
Modi nomeou um interlocutor do governo logo após chegar ao poder há pouco mais de um ano e supervisionou as conversas que desembocaram no acordo, que na sua opinião não representa "simplesmente o fim de um problema, mas o começo de um novo futuro" para o conjunto o país.
O líder do grupo separatista, Thuingaleng Muivah, elogiou "a habilidade política" do primeiro-ministro para conseguir uma "nova relação entre as duas partes".
Muivah foi um dos promotores do movimento insurgente que no início do anos 80 rejeitou o denominado Acordo de Shillong entre o Conselho Nacional Naga e o governo indiano, e que em 1988 se dividiu em dois grupos, NSCN-Isak-Muivah e NSCN-Khaplang, após divergências nas conversas de paz.
O conflito deixou cerca de 25 mil mortos desde a independência da Índia em 1947, pela luta para a criação de uma "Grande Nagaland" mediante a anexação de território com população naga de regiões adjacentes como Assam, Manipur e Arunachal Pradesh e da vizinha Mianmar (Mianmar).
Em maio, nove pessoas morreram, entre elas oito paramilitares, e outras cinco ficaram feridas em um suposto ataque insurgente contra as forças de segurança indianas em Nagaland, atribuído a NSCN-K após romper o acordo de cessar-fogo com o governo central.