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Governo francês recomenda retirada de próteses mamárias PIP

Oito casos de câncer foram encontrados em mulheres portadoras da próteses da empresa francesa Poly Implant Prothèse

Cerca de 10.000 próteses da PIP foram retirados do mercado do Brasil, enquanto 25.000 mulheres brasileiras ainda utilizam estes implantes, de acordo com a Anvisa (Sebastien Nogier/AFP)

Cerca de 10.000 próteses da PIP foram retirados do mercado do Brasil, enquanto 25.000 mulheres brasileiras ainda utilizam estes implantes, de acordo com a Anvisa (Sebastien Nogier/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2011 às 10h24.

Paris - O governo francês recomendou nesta sexta-feira a retirada "de forma preventiva" das próteses mamárias da marca PIP de cerca de 30 mil mulheres na França, embora tenha esclarecido que não há provas de que estes implantes - que foram exportados a diversos países da Europa e da América Latina, inclusive ao Brasil - aumentem os riscos de câncer.

"Por prevenção e sem caráter de urgência, (as autoridades francesas) desejam que a retirada das próteses, mesmo sem evidências clínicas de deterioração do implante, seja oferecida às mulheres", anunciou o ministério da Saúde em um comunicado.

Os especialistas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) informaram suas conclusões na quinta-feira ao governo francês.

"Até este momento, não constatamos um risco maior de câncer em mulheres com próteses da marca PIP comparado com outras próteses", disseram. Um total de 8 casos de câncer foram relatados na França em mulheres que tiveram problemas com implantes PIP, mas nenhuma ligação de causalidade foi estabelecida.

Cerca de 30.000 mulheres na França implantaram próteses mamárias da marca PIP. Algumas delas foram preenchidas com um gel de silicone impróprio para o uso medicinal, o que provoca um aumento do risco de ruptura e vazamento do envelope da prótese, de acordo com o governo francês.

Os custos relativos à eventual retirada destes implantes serão pagos pelo Estado, assegurou o governo.

"Caso não queiram explantá-lo, serão beneficiadas por um acompanhamento por ultrassonografia mamária e axilar a cada 6 meses", acrescentou o ministério.

"Diante da ausência de novas provas sobre o silicone ou de novos dados clínicos sobre complicações específicas, os especialistas acreditam não terem provas suficientes para sugerir a remoção sistemática desses implantes como medida preventiva", no entanto, apoiam a expertise coletiva coordenada pelo INCA.


As autoridades sanitárias, contudo, apontam "riscos claros" de "ruptura" e "do poder irritante do gel de silicone, que pode causar reações inflamatórias".

As próteses mamárias da empresa francesa Poly Implant Prothèse (PIP) estão no centro de um escândalo há algumas semanas, e na Grã-Bretanha 250 mulheres entraram com um processo depois que ao menos a metade delas teve problemas com as próteses de mama fabricadas pela PIP.

Antes da falência da empresa, em março de 2010, as exportações da PIP representavam 84% da sua atividade. Eram produzidos cerca de 100 mil implantes anualmente.

Entre os principais mercados está a América do Sul (Venezuela, Brasil, Colômbia e Argentina, principalmente), que comprava mais de 58% do que era exportado em 2007 e 50% em 2009.

No entanto, desde a primavera de 2010, com o alerta das autoridades francesas em relação a um processo de fabricação impróprio, o Chile, a Venezuela e o Brasil ordenaram a retirada dos implantes de PIP de seus mercados.

Cerca de 10.000 próteses da PIP foram retirados do mercado do Brasil, enquanto 25.000 mulheres brasileiras ainda utilizam estes implantes, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

No Reino Unido, a agência que monitora produtos médicos estima que entre 40.000 e 50.000 mulheres usam implantes desta marca. Mas fez um apelo para que elas "não entrem em pânico", já que não há nenhuma evidência da ligação entre os implantes e a ocorrência de câncer que justifique a remoção das próteses.

Os investigadores suspeitam que a empresa tentou reduzir os custos utilizando o gel de silicone, economizando assim um milhão de euros por ano. Desde então, mais de 2.000 mulheres apresentaram queixas em Marseille, no sudeste da França.

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