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Governo francês pede a civis para não protestarem enquanto busca atirador

"Não é razoável se manifestar porque as forças de segurança foram muito mobilizadas nas últimas semanas", diz um porta-voz do governo

Emmanuel Macron: presidente da França lida com crise por onda de protestos e atentado terrorista no país (Julien De Rosa/Reuters)

Emmanuel Macron: presidente da França lida com crise por onda de protestos e atentado terrorista no país (Julien De Rosa/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de dezembro de 2018 às 13h21.

Última atualização em 13 de dezembro de 2018 às 13h24.

O governo francês pediu nesta quinta-feira (13) aos "coletes amarelos" que não protestem no sábado, para permitir que as forças de segurança se concentrem na busca de Cherif Chekatt, autor do atentado desta terça-feira em Estrasburgo, que deixou três mortos, uma vítima com morte cerebral e 12 outros feridos.

"Neste momento, não decidimos proibir as manifestações", ressaltou o porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, que pediu, no entanto, "que sejam razoáveis e não protestem".

O governo "ouviu e respondeu à revolta" expressada nos protestos, completou Griveaux, em referência às medidas anunciadas na segunda-feira pelo presidente Emmanuel Macron para aumentar o poder de compra dos assalariados e aposentados mais pobres.

"Não é razoável se manifestar, porque as forças de segurança foram muito mobilizadas nas últimas semanas e, depois do atentado de Estrasburgo, seria desejável que cada um pudesse ter um sábado tranquilo, antes das festas de família de fim de ano, ao invés de protestar e mobilizar novamente as forças de segurança", disse o porta-voz.

"Podemos ver a extrema fadiga dos policiais", ressaltou, por sua vez, o chefe do sindicato CFDT, Laurent Berger, dizendo que "seria de bom tom não sobrecarregar os agentes".

Mobilizada em grande número para os protestos das últimas semanas, a polícia caça agora o homem mais procurado na França. Mais de 700 policiais e gendarmes estão em alerta.

Alemanha, Suíça e Itália em alerta

Quase 40 horas depois do ataque em Estrasburgo, não há certeza de que Cherif Chekatt ainda esteja na França. Os investigadores cogitaram por um momento que ele poderia ter cruzado a fronteira e fugido para Kehl, na Alemanha, do outro lado do Reno. Mas uma intervenção das polícias francesa e alemã na manhã de quarta não permitiu encontrar seu rastro.

De acordo com a estação de rádio alemã Inforadio-RBB, citando fontes próximas à investigação, o agressor teria recebido, pouco antes do ataque, uma ligação da Alemanha, a qual ele não teria respondido.

As autoridades alemãs intensificaram "o controle policial da fronteira e as medidas de investigação (...) na zona fronteiriça", declarou à AFP uma porta-voz do Ministério do Interior da Alemanha, Eleonore Petermann.

A Suíça, 130 quilômetros ao sul de Estrasburgo, também reforçou suas medidas de segurança na fronteira. Mesma medida adotada pelas autoridades italianas, que optaram por "reforçar ao máximo os controles preventivos", especialmente em locais frequentados por muitas pessoas.

Em dezembro de 2016, o tunisiano Anis Amri, que deixou 12 mortos e 48 feridos em um ataque no mercado de Natal de Berlim, foi morto alguns dias depois, durante um controle policial em Milão. Mas, ao contrário de Amri, que esteve na Itália, ainda não foi estabelecida nenhuma ligação entre Cherif Chekatt e este país.

"Indivíduo perigoso"

Nascido em Estrasburgo e fichado por sua radicalização islâmica, Cherif Chekatt, de 29 anos, tem uma longa ficha criminal, com 67 registros, incluindo 27 condenações na França, Alemanha e Suíça por crimes de direito comum.

O aviso de "procura-se" descreve um "indivíduo perigoso" de 1,80 m, "corpo normal" e com uma "marca na testa".

O homem é suspeito de ter atirado contra transeuntes na terça-feira à noite no centro histórico de Estrasburgo, quando o mercado de Natal estava fechando. Ele então trocou tiros com a polícia, que feriu seu braço.

Em circunstâncias ainda pouco claras, o agressor conseguiu pegar um táxi para o bairro de Neudorf, onde um novo tiroteio com a polícia ocorreu até que ele desaparecesse.

Testemunhas ouviram Cherif Chekatt gritar "Alá é grande".

O mercado de Natal de Estrasburgo, que atrai dois milhões de turistas todos os anos, segue fechado nesta quinta-feira e todas as luzes da cidade foram apagadas.

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