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Governo mede forças em eleições municipais na Venezuela

Eleições realizadas no país nesse domingo são consideradas um primeiro teste para Nicolás Maduro


	O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro: seu partido "Revolução Bolivariana" venceu quase todas as eleições desde 1999
 (LEO RAMIREZ/AFP)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro: seu partido "Revolução Bolivariana" venceu quase todas as eleições desde 1999 (LEO RAMIREZ/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2013 às 13h36.

Os venezuelanos votavam neste domingo em eleições municipais consideradas um primeiro teste para o presidente Nicolás Maduro, em um contexto de inflação elevada e escassez de produtos básicos sete meses depois de sua eleição após a morte de Hugo Chávez.

As eleições para definir as autoridades de 337 prefeituras foram elevadas à categoria de plebiscito pela oposição, em uma aposta arriscada que pode se voltar contra os partidos reunidos na Mesa da Unidade Democrática (MUD), liderada por Henrique Capriles, que perdeu as presidenciais de abril por 1,5%.

Por volta das 10h00 locais (12h30 de Brasília), quase todos os 13.500 centros de votação no país operavam normalmente para que os mais de 19 milhões de venezuelanos, também convocados a eleger 2.455 vereadores, pudessem exercer seu direito ao voto.

A "Revolução Bolivariana" de Chávez venceu quase todas as eleições e plebiscitos nos últimos 14 anos no país, que tem as maiores reservas de petróleo do mundo.

Maduro pediu na noite de sábado serenidade diante da possibilidade de que algumas prefeituras sejam altamente disputadas e tenham resultados apertados neste domingo, declarado "Dia da Lealdade" a Chávez, quando é completado um ano de seu último discurso antes de se submeter a sua quarta operação em Cuba.

O chavismo controla mais de 80% dos municípios e as previsões sugerem que manterá ao menos dois terços, em especial após a guerra econômica do presidente, que ordenou diminuições compulsórias de preços e ameaçou deter especuladores.

Em um colégio eleitoral do bairro 23 de Janeiro, bastião chavista no oeste de Caracas, Noris Rodriguez, de 55 anos, explicou à AFP que foi votar para "seguir adiante com o processo e ajudar Maduro com votos porque a oposição é como uma pedra, nem faz, nem deixa fazer".

Caracas e Maracaibo

Por sua vez, os opositores se entrincheiram em cidades grandes, entre elas as duas principais aglomerações do país, consideradas as "joias da coroa": o distrito metropolitano de Caracas e a petroleira Maracaibo, que somam um sexto da lista eleitoral.

No entanto, a defesa destes dois troféus diante do ataque governamental não está decidida, em especial em Maracaibo, onde o jovem filósofo - doutorado na Itália e na França - Miguel Pérez Pirela é um sério rival da prefeita Eveling Trejo, esposa do antichavista Manuel rosales, exilado no Peru.

Este domingo eleitoral, protegido por 120.000 militares, começou para centenas de milhares de jovens várias horas antes do amanhecer, quando saíram às ruas em direção aos seus postos nas Unidades de Batalha Bolívar Chávez (UBCH), eixo da formidável maquinaria eleitoral governista, integrada por quase 14.000 grupos.

Em um país com voto facultativo e abstenção histórica de 50% em eleições locais, as UBCH têm a tarefa de garantir cinco milhões de votos (ou seja, a metade dos votos válidos teóricos), indo buscar os simpatizantes chavistas onde eles estiverem.

O êxito da maquinaria chavista também se reflete nos apelos que a oposição improvisava pelo Twitter no sábado na conta @CaprilesPuntoTV, pedindo aos que tivessem carros que se inscrevessem para mobilizar eleitores.

O contexto econômico

A Venezuela chegou às eleições com uma inflação de 54% anual, fortes pressões sobre a cotação do dólar no ilegal mercado paralelo e escassez pontual de produtos.

Maduro, que despencava nas pesquisas até outubro, saiu em contra-ataque em novembro e, depois de se definir como um "presidente justiceiro", lançou uma ofensiva que forçou a queda de preços de produtos como televisores e sapatos, registrou comerciantes e ameaçou os que não cumprissem as regras com prisão.

Pesquisas privadas às quais a AFP teve acesso detectaram que as medidas populistas, voltadas basicamente para a classe média, frearam a queda da intenção de voto dos candidatos governistas e inclusive reverteram a tendência.

Os centros de votação permanecerão abertos por doze horas e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) antecipa que os primeiros resultados começarão a ser divulgados três horas após o fechamento das mesas, às 18h00 locais (20h30 de Brasília), quando eles forem irreversíveis.

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