Esta é a primeira reunião entre Kenyatta e Odinga desde as eleições do ano passado (Thomas Mukoya/Reuters)
EFE
Publicado em 9 de março de 2018 às 10h15.
Nairóbi - O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, e o líder da oposição, Raila Odinga, anunciaram nesta sexta-feira um acordo para resolver a crise política que o país vive desde as eleições de agosto de 2017.
"Começaremos um processo para unir nosso povo e determinar o que divide realmente a nossa nação. Devemos unir todo o nosso povo, e ninguém deve ficar para trás", afirmou Kenyatta, em um comparecimento ao lado de Odinga, após a reunião que ambos realizaram em Harambee House, o escritório do presidente em Nairóbi.
"Este país é maior que qualquer indivíduo (...). As eleições vão e vêm, mas o Quênia permanece", ressaltou o chefe de Estado.
Esta é a primeira reunião entre Kenyatta e Odinga desde as eleições de 8 de agosto de 2017.
"Chegou a hora de enfrentar e resolver nossas diferenças", afirmou Odinga, líder da coalizão opositora Super Aliança Nacional, que em 30 de janeiro se autoproclamou "presidente do povo".
"A divisão acaba aqui. Começamos o processo de construção do Quênia", comentou o chefe da oposição, que protagonizou um efusivo aperto de mãos com o presidente diante dos jornalistas.
A reunião coincide com a visita do secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, que chega hoje ao Quênia para se reunir com Kenyatta, entre outros compromissos, dentro de seu giro pela África.
No mês passado, 11 embaixadores estrangeiros no Quênia, entre eles os de Estados Unidos e Reino Unido, exigiram que a oposição reconhecesse Uhuru Kenyatta como legítimo presidente para dar início a um diálogo que permitisse resolver a crise política.
A posse autoproclamada de Odinga em janeiro foi um novo capítulo da queda de braço entre ele e o presidente desde as eleições de agosto, que foram impugnadas com sucesso pela oposição, que, no entanto, boicotou a repetição do pleito em outubro, o que permitiu que o chefe de Estado alcançasse mais de 98% dos votos.
Até agora, Odinga não reconheceu como válidas as eleições de outubro, nem o resultado do pleito de agosto, do qual assegura ser o verdadeiro vencedor segundo uma suposta apuração alternativa que lhe daria 8,1 milhões de votos, contra 7,8 milhões de Kenyatta.
O líder opositor já havia rejeitado os resultados das polêmicas eleições de 2007, algo que gerou uma onda de violência pós-eleitoral na qual morreram cerca de 1.100 pessoas.