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Governo e oposição da Venezuela enviam negociadores à Noruega

De acordo com o autoproclamado presidente Juan Guaidó, representantes da oposição e de Maduro não se encontraram

Oposição, liderada por Guaidó, não aceita uma solução que não retire Maduro da presidência (Miraflores Palace/Handout/Reuters)

Oposição, liderada por Guaidó, não aceita uma solução que não retire Maduro da presidência (Miraflores Palace/Handout/Reuters)

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AFP

Publicado em 16 de maio de 2019 às 21h23.

O líder opositor Juan Guaidó revelou nesta quinta-feira contatos com a Noruega, que tenta mediar a crise política venezuelana, mas sem ter até o momento nenhuma negociação com o governo de Nicolás Maduro.

"Sim, há alguns enviados na Noruega", confirmou em um ato político em Caracas o líder do Parlamento, autoproclamado presidente interino do país e reconhecido por mais de 50 países.

Guaidó afirmou que "não há nenhum tipo de negociação" com Maduro, mas contatos sob "um esforço da Noruega numa mediação" planejada há meses, sem que as partes em conflito tenham se encontrado.

 

A radiotelevisão pública norueguesa NRK havia divulgado que representantes do governo e da oposição da Venezuela estavam realizando nesta semana "negociações de paz" em Oslo.

Segundo Guaidó, "esta é a segunda vez" que acontecem negociações desse tipo na capital norueguesa entre as partes.

De seu lado, o governo venezuelano não confirmou os contatos na Noruega, mas Maduro anunciou na véspera que o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, integrante de seu círculo mais próximo, se encontrava "cumprindo uma missão no exterior muito importante".

Os enviados opositores são o vice-presidente do Parlamento, Stalin González, e o ex-deputado Gerardo Blayde, disse Guaidó.

"Polêmica" negociação

É apenas "a intenção de um país" de "mediar numa crise que tem hoje proporções mundiais", insistiu Guaidó, afirmando que a iniciativa da Noruega se une às realizadas por países como Canadá e o Grupo de Contato de nações europeias e latino-americanas, com cujos delegados se reunirá nesta quinta-feira em Caracas.

Para a realização de uma reunião entre as partes é indispensável "um acordo sobre a agenda de negociação" para estabelecer um "governo de transição" que convoque "eleições livres", destacou Guaidó, recusando qualquer tipo de negociação que contemple a permanência de Maduro.

O opositor disse entender que essa aproximação pode ser polêmica para seus seguidores, mas "devemos ser responsáveis para explorar as opções".

A Noruega tem uma longa tradição de "facilitadora" nos processos de paz no mundo. Em Oslo foram assinados os acordos entre israelenses e palestinos e as negociações de paz entre o governo colombiano e a guerrilha das Farc, em 2016.

Ao contrário de outros países europeus, a Noruega não reconhece Guaidó como presidente interino, o que foi percebido como uma vontade de intermediação.

Analistas receberam com prudência as informações vindas da Noruega.

"Quando as partes se sentem fortes normalmente não acontecem processos de negociação", disse à AFP Benigno Alarcón, especialista em resolução de conflitos.

Alarcón considera que Maduro pode usar essa aproximação para "ganhar tempo" e dividir a oposição, que por sua parte aproveitaria para "reorganizar uma estratégia" de ação.

"É importante não alimentar muitas esperanças", declarou Benedicte Bull, professora da Universidade de Oslo.

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