Mundo

Governo do Mali descarta negociar com rebeldes islamitas

O diálogo foi descartado depois que dois soldados malinenses morreram na explosão de uma mina


	Soldados franceses andam em Timbuktu, no Mali: atualmente, 3.500 militares franceses estão posicionados junto a 2.000 soldados africanos (Eric Feferberg/AFP)

Soldados franceses andam em Timbuktu, no Mali: atualmente, 3.500 militares franceses estão posicionados junto a 2.000 soldados africanos (Eric Feferberg/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de janeiro de 2013 às 11h13.

Timbuktu - O governo do Mali descartou qualquer negociação com os rebeldes islamitas do norte do país, onde dois soldados malinenses morreram nesta quinta-feira na explosão de uma mina, um dia depois da chegada a Kidal dos militares franceses.

O presidente interino do Mali, Dioncounda Traoré, falou sobre a estratégia dos grupos islamitas armados e questionou, falando à emissora Rádio France International (RFI), "por que não houve combates e o que o adversário está tramando".

"Os islamistas se retiraram das grandes cidades para não ficarem encurralados e foram para muito longe dessas aglomerações", acrescentou.

No que se refere ao aspecto político da crise e à perspectiva do pós-guerra, Traoré afirmou que "o único grupo com o qual podemos prever negociações é o MLNA, na condição de que renuncie a todas as suas pretensões territoriais".

O MNLA, um grupo rebelde tuaregue, desistiu de sua reivindicação de independência no norte do Mali, de onde a Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) e seus aliados, Ansar Dine (Defensores do Islã) e o Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental (MUJAO), o expulsaram em junho de 2012.

Traoré considerou que o presidente de Burkina Faso, Blaise Compaoré, mediador da África Ocidental na crise, está equivocado ao achar que se pode negociar com o Ansar Dine, responsável pela ofensiva de 10 de janeiro no sul do país, que desencadeou a intervenção do exército francês.


"É evidente que o Ansar Dine se desqualificou, não pode ser escolhido para dialogar, apesar das posturas que alguns deles decidiram adotar agora", afirmou Traoré, em alusão ao Movimento Islâmico de Azawad (MIA), divisão do Ansar Dine.

Por outro lado, ao menos dois soldados malinenses morreram nesta quinta-feira na explosão de uma mina na passagem de seu veículo entre as cidades de Douentza e Hombori, no norte, informou uma fonte da segurança.

A França também comunicou nesta quinta-feira que os sete reféns franceses que os islamitas sequestraram no Níger e no Mali em 2011 e 2012 provavelmente se encontram nas montanhas da região de Kidal, no extremo nordeste deste país.

"É provável que os reféns estejam na região do maciço de Ifoghas, no norte de Kidal", declarou à emissora France-Inter o ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian.

Durante a madrugada de quarta-feira o exército francês tomou posição no aeroporto de Kidal, cidade que, depois de Gao e Timbuktu, recuperadas entre em 26 e 29 de janeiro, era a última grande localidade do norte ainda em mãos de grupos armados, que ocupavam esta região há dez meses.

"As forças francesas estão em Kidal e tomaram o aeroporto. Estão à espera de que outras forças africanas possam garantir a segurança da cidade", afirmou Le Drian.

Atualmente, 3.500 militares franceses estão posicionados junto a 2.000 soldados africanos.

Durante muito tempo, Kidal foi o reduto do grupo islamita Ansar Dine, dirigido por Iyad Ag Ghalym, um ex-rebelde tuaregue. No entanto, o MIA afirmou há pouco que controlava Kidal junto com os rebeldes tuaregues do MNLA.

Acompanhe tudo sobre:GuerrasIslamismoMali

Mais de Mundo

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA

Eleições no Uruguai: 5 curiosidades sobre o país que vai às urnas no domingo

Quais países têm salário mínimo? Veja quanto cada país paga