O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu fala à imprensa no Capitólio dos EUA após sua reunião a portas fechadas com o presidente da Câmara dos EUA, Mike Johnson, republicano da Louisiana, em Washington, DC, em 7 de fevereiro de 2025. (Foto de Oliver Contreras / AFP) (Oliver Contreras/AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 23 de março de 2025 às 15h17.
O governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovou neste domingo de forma unânime uma moção de censura contra a procuradora-geral do Estado, Gali Baharav-Miara, marcando o primeiro passo simbólico para sua destituição, informou a imprensa israelense.
A legislação israelense estabelece que a remoção da procuradora-geral é determinada por um comitê de cinco membros que deve votar a favor de sua destituição, após o que o processo formal pode começar.
Este comitê especial, segundo a imprensa israelense, não tem atualmente o quórum necessário para tal, por isso espera-se que membros da coalizão de Netanyahu sejam nomeados para ele.
O premiê está hoje visitando, ao lado do ministro de Defesa, Israel Katz, uma base do Exército israelense, segundo indicou seu escritório em um comunicado, que não forneceu nenhuma informação sobre o voto do gabinete de governo.
A votação ocorreu em meio a fortes protestos nas ruas e da oposição, e com a ausência tanto de Netanyahu devido ao conflito de interesses que representa — o Judiciário investiga vários casos contra ele — quanto da própria procuradora-geral, que enviou uma carta aos ministros denunciando a votação.
As desavenças entre o governo e a procuradora-geral têm sido visíveis nos últimos meses. A mais recente e notável foi a rejeição total dela à decisão de Netanyahu de demitir o diretor do serviço de inteligência interior (Shin Bet), Ronen Bar.
Shin Bet está investigando o "Catargate", um escândalo em que o Catar teria pago aos conselheiros de Netanyahu para criarem uma campanha publicitária favorável ao país antes da Copa do Mundo de 2022.
Este caso acontece após outro escândalo envolvendo o Catar descoberto anos antes pela agência, segundo o qual o país financiou o Hamas em Gaza com a conivência de Israel.
Shin Bet também culpou o governo de Netanyahu por ignorar seus avisos e adotar uma abordagem excessivamente defensiva em Gaza, uma das razões que permitiram ao Hamas atacar o território israelense em 7 de outubro de 2023, no qual 1,2 mil pessoas foram mortas e outras 251 foram sequestradas.
Gali Baharav-Miara, por sua vez, está supervisionando o julgamento do primeiro-ministro em três casos de corrupção.