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Governo da Crimeia nega pretensão de se tornar independente

Governo declarou que não possui a pretensão de se tornar independente da Ucrânia


	Homem caminha com a bandeira da Rússia na Crimeia: o Parlamento local, no entanto, convocou referendo para ampliar a autonomia dessa região ucraniana
 (David Mdzinarishvili/AFP)

Homem caminha com a bandeira da Rússia na Crimeia: o Parlamento local, no entanto, convocou referendo para ampliar a autonomia dessa região ucraniana (David Mdzinarishvili/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2014 às 14h19.

Kiev - O governo da república autônoma da Crimeia declarou nesta sexta-feira que não possui a pretensão de se tornar independente da Ucrânia, embora o Parlamento local tenha convocado um referendo ontem para ampliar a autonomia dessa região ucraniana de maioria russoparlante.

"Não buscamos a independência. Simplesmente, queremos que a Crimeia seja uma autêntica república autônoma no marco da Ucrânia, não como agora quando as faculdades não se exercem", assegurou à Agência Efe um porta-voz do governo crimeano.

De acordo com a fonte, a decisão de convocar um plebiscito para o próximo dia 25 de maio é irrevogável, já que as autoridades da região possuem intenção de ampliar a autonomia da península banhada pelo Mar Negro.

Além disso, a fonte antecipou que o novo primeiro-ministro autônomo, Sergei Aksionov, formará hoje o gabinete de ministros para poder dar início as consultas com as novas autoridades de Kiev.

A Rada Suprema (Parlamento) da Crimeia aprovou ontem a realização de um referendo para ampliar a autonomia da região, palco de uma crescente tensão entre a maioria pró-russa e as novas autoridades de Kiev.

"Apoia o senhor a autodeterminação da Crimeia no seio da Ucrânia sobre a base dos acordos e tratados internacionais?", diz a pergunta que será apresentada através da consulta popular.

O porta-voz do governo crimeano reconheceu que a polícia e as patrulhas populares estabeleceram pontos de controle em várias zonas da península, incluindo na estrada que liga a região com o resto da Ucrânia.

"Os pontos de controle são para evitar a entrada de grupos extremistas como o Setor de Direita. O restante das pessoas pode entrar livremente na Crimeia", assinalou.

Segundo a imprensa local, soldados da unidade antidistúrbios Berkut, que foi desarticulada no resto do país pelas novas autoridades, se concentraram no istmo da Crimeia (Perekop) para impedir o acesso do Exército ucraniano.


Além disso, a fonte assegurou que o aeroporto de Simferopol, situado na capital crimeana, funciona com normalidade.

"O aeroporto recebe aviões com normalidade. Em suas instalações se encontram soldados do Ministério do Interior e patrulhas populares, que se encarregam de garantir a ordem pública e a segurança do local", completou.

As novas autoridades da Ucrânia pediram hoje uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para analisar a situação na península da Crimeia.

O documento, que foi lido pelo chefe do Parlamento e presidente interino, Aleksandr Turchinov, destaca que a situação na Crimeia "pode representar uma ameaça para a paz e segurança internacional".

Por sua vez, a Rada aprovou hoje uma resolução em que pede às autoridades russas para não apoiar o separatismo e, inclusive, para deixar de dar passos que atentem contra a integridade territorial ucraniana.

Grupos armados tomaram ontem as sedes do Parlamento e o governo da autonomia crimeana, que o dirigente soviético de origem ucraniana, Nikit Khrushchov, cedeu à república soviética da Ucrânia em 1954.

Nesta semana, Simferopol foi palco de diversos confrontos entre a maioria russa e a minoria tártara da Crimeia.

Os russos, que são maioria na Crimeia, acusam às novas autoridades de Kiev de usurpar o poder ao depor ao presidente Viktor Yanukovich e de querer impor a cultura ucraniana, enquanto os tártaros defendem a unidade e integridade territorial da Ucrânia e se opõem à realização de um referendo separatista.

Na Crimeia, península banhada pelo Mar Negro que acolhe uma base naval russa (Sebastopol), a população é formada por 60% de russos, 25% de ucranianos e 12 % de tártaros.

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