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Governo da Colômbia adia diálogo com ELN até libertação de refém

Em mensagem no Twitter, o Exército de Libertação Nacional (ELN) afirmou que "há um mal-entendido" com o governo

ELN: o ELN reagiu declarando que não concorda com a decisão do governo (Carlos Villalon/Getty Images)

ELN: o ELN reagiu declarando que não concorda com a decisão do governo (Carlos Villalon/Getty Images)

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AFP

Publicado em 28 de outubro de 2016 às 09h01.

O governo da Colômbia decidiu adiar a instalação de diálogos de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN), prevista para esta quinta-feira, em Quito, até ter "certeza" da libertação de um ex-congressista em poder desta guerrilha.

"Se não se pode fazer a instalação no dia de hoje (quinta-feira), o governo (de Juan Manuel Santos) está pronto para fazer isso amanhã, ou sábado, ou no momento em que tivermos certeza da libertação de Odín Sánchez", disse à imprensa o ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, enfatizando que essa "decisão" foi tomada pelo presidente.

"Vamos esperar para ver. Não podemos antecipar nada. Instalaremos quando tivermos certeza de que Odín Sánchez está são e salvo, libertado pelo Exército de Libertação Nacional (ELN)", reiterou o ministro.

Odín Sánchez, político do departamento de Chocó, é mantido como refém pelos rebeldes desde abril.

Os negociadores de paz do governo com o ELN "não viajaram nem viajarão (a Quito) até que se tenha certeza" da entrega de Sánchez, completou.

O ELN reagiu declarando que não concorda com a decisão do governo de adiar as negociações de paz em Quito. "Não compartilhamos a suspensão da instalação da mesa".

Em mensagem no Twitter, o Exército de Libertação Nacional (ELN) afirmou que "há um mal-entendido" com o governo, que está sendo contornado, e agradeceu o "esforço e apoio" das delegações sociais presentes em Quito para apoiar o processo de paz.

"Estamos tentando reprogramar a instalação da mesa para os próximos dias", declarou o comandante Pablo Beltrán, chefe negociador do ELN, em outra mensagem no Twitter.

Em meio à polêmica, a operação para libertar Odín Sánchez "começou" com a participação de um organismo humanitário e da Igreja Católica, anunciou o chefe negociador do governo com os rebeldes.

"Ao meio-dia fomos informados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha que a operação para libertar" Odín Sánchez começou com o acompanhamento da Igreja Católica", assinalou Juan Camilo Restrepo em um comunicado divulgado pela presidência colombiana.

"O governo celebra este fato e toma nota do procedimento que espera que se conclua satisfatoriamente", destacou Restrepo.

O chefe negociador disse estar confiante em que o processo de libertação de Sánchez seja concluído "antes de 3 de novembro, data acertada para o início da primeira rodada formal de negociações".

"Os compromissos estabelecidos pelas equipes do governo e do ELN na última rodada (de tratativas) em Caracas foram precisos para as duas partes. Sempre ficou claro que era necessária a libertação efetiva do ex-congressista Odín Sánchez para dar inicio a esta fase pública", acrescentou Restrepo.

Horas após o governo suspender o início do diálogo de paz, o Exército colombiano informou que um ataque do ELN matou dois motoristas de caminhão em Arauca.

"Simplesmente é um ato terrorista contra dois caminhões civis que viajavam pelas estradas de Arauca e foram incinerados, com o assassinato de seus motoristas por membros do ELN", disse à AFP o coronel Miguel Ángel Rodríguez, comandante da Força Tarefa Quirón do Exército, que opera nesta região de fronteira com a Venezuela.

Homenageado com o Prêmio Nobel da Paz, o presidente Santos se prepara para negociar com o ELN, enquanto busca salvar o processo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), depois do golpe eleitoral de 2 de outubro. Nessa data, o histórico acordo selado com o grupo rebelde foi rejeitado em um referendo.

A Colômbia chora mais de 260.000 mortos em meio século de violência, que envolveu guerrilhas, paramilitares e agentes da força pública.

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