Mundo

Governo colombiano e Farc iniciam debate sobre narcotráfico

A negociação entra assim em uma nova fase, após os acordos parciais conquistados sobre a questão agrária e a participação política


	Farc: para Farc, narcotráfico não é um "problema exclusivo" do país sul-americano, mas um flagelo internacional cuja solução "deve comprometer o conjunto das nações"
 (Serdechny / Wikimedia Commons)

Farc: para Farc, narcotráfico não é um "problema exclusivo" do país sul-americano, mas um flagelo internacional cuja solução "deve comprometer o conjunto das nações" (Serdechny / Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2013 às 14h49.

Havana - O Governo colombiano e as Farc iniciaram nesta quinta-feira uma nova rodada do diálogo de paz que nesta fase está centrado nas drogas e no narcotráfico, um "complexo problema" que, segundo a guerrilha, não é exclusivo da Colômbia e cuja solução depende da vontade da comunidade internacional.

A negociação que há mais de um ano tenta colocar fim ao conflito colombiano entra assim em uma nova fase, após os acordos parciais conquistados sobre a questão agrária e a participação política.

Agora, o tema da vez é o "problema das drogas ilícitas".

O Governo e a guerrilha tentarão conseguir consensos em questões como a substituição dos cultivos de coca, planos integrais de desenvolvimento nessas zonas, programas de prevenção de consumo e saúde pública e soluções para o fenômeno da produção e comercialização dos narcóticos.

Para as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o narcotráfico não é um "problema exclusivo" do país sul-americano, mas um flagelo internacional cuja solução "deve comprometer o conjunto das nações", segundo uma declaração lida perante a imprensa por seu número dois, "Ivan Márquez".

Sem mencionar ou assumir nessa declaração responsabilidade alguma das Farc no narcotráfico, a guerrilha lamentou que esse problema "permeou todo o tecido social colombiano, incluindo o Estado".

Mas "o fenômeno não é exclusivo de nosso país. Hoje em dia se reconhece que o dinheiro do narcotráfico e de outras atividades ilegais contaminaram todos os circuitos financeiros da economia mundial", acrescentou "Ivan Márquez", conhecido como Luciano Marín Arango.


As Farc sublinharam a diferença existente entre a folha de coca, que se consome no mundo andino para diminuir a fome e o cansaço, e a cocaína e consideraram "ilógico que para acabar com o problema do narcotráfico, é preciso erradicar uma planta que pode trazer benefícios à humanidade".

O grupo rebelde também reivindicou que as medidas punitivas contra o negócio do tráfico de drogas não recaiam nos elos mais débeis da cadeia como consumidores e camponeses, porque os principais beneficiados desse negócio ilegal "são os empórios financeiros do mundo".

Os guerrilheiros denunciaram, além disso, que o narcotráfico serviu "de desculpa para o intervencionismo de potências estrangeiras no conflito interno colombiano".

Por sua vez, a equipe negociadora do presidente Juan Manuel Santos enfrenta esta nova etapa dos diálogos de paz com o ânimo de chegar a acordos com a guerrilha que permitam "uma Colômbia sem coca".

Assim disse nesta quarta-feira na Colômbia o chefe negociador oficial, o ex-vice-presidente Humberto de la Calle, que como é habitual, não fez declarações à imprensa durante sua chegada ao Palácio de Convenções de Havana.

Uma das novidades da rodada foi a incorporação à mesa de diálogo de duas novas negociadoras do Governo: Paulina Rivero e Nigéria Rentería, que substituirão Luis Carlos Villegas, nomeado por Santos embaixador da Colômbia nos Estados Unidos.

O Governo colombiano acusou tradicionalmente as Farc de ter um papel protagonista em todos os elos do narcotráfico, mas a guerrilha afirma que sua participação no negócio se limita a cobrar um imposto aos cultivadores em suas zonas de influência.

O reatamento do diálogo colombiano se produz poucos dias antes da reunião que manterão em Washington o presidente da Colômbia com seu colega dos Estados Unidos, Barack Obama, que supostamente tratarão o tema da paz.

Os Estados Unidos, através do Plano Colômbia, investiu cerca de US$ 8 bilhões para erradicação cultivos ilegais e no combate dos narcotraficantes.

No novo ciclo de conversas de paz - o 17° desde que se iniciou o processo em novembro de 2012- as partes manterão a dinâmica de três rodadas de trabalho seguidas e uma de recesso, com a previsão de que esta rodada termine em 8 de dezembro, disseram fontes ligadas aos negociadores. 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaColômbiaDrogasFarc

Mais de Mundo

Repressão se intensifica em Hong Kong, cinco anos após lei de segurança nacional

Esquerda governista realiza primárias para as eleições presidenciais no Chile

Banhistas franceses continuam a fumar em praias apesar do veto ao cigarro em espaços públicos

Trump afirma que não pretende adiar prazo de 9 de julho para as tarifas