Mundo

Governo chileno entra em crise a três meses das eleições

Com as renúncias de dois ministros e do subsecretário da Fazenda, a presidente Michelle Bachelet foi obrigada a realizar um novo ajuste ministerial

Michelle Bachelet: as demissões são fruto de desavenças com a presidente socialista (Marcos Brindicci/Reuters)

Michelle Bachelet: as demissões são fruto de desavenças com a presidente socialista (Marcos Brindicci/Reuters)

A

AFP

Publicado em 31 de agosto de 2017 às 20h19.

A equipe econômica da presidente do Chile, Michelle Bachelet, renunciou nesta quinta-feira, criando uma profunda crise apenas três meses antes das eleições presidenciais.

Com as renúncias dos ministros da Fazenda, Rodrigo Valdés, de Economia, Luis Felipe Céspedes, e do subsecretário da Fazenda, Alejandro Micco, Bachelet foi obrigada a realizar seu novo ajuste ministerial.

As demissões são fruto de desavenças com a presidente socialista sobre a reforma da Previdência e um projeto de mineração.

Valdés é o segundo chefe das finanças públicas no mandato de Bachelet, algo insólito, já que as alterações neste cargo foram muito raras desde a redemocratização, em 1990.

No lugar de Váldez, assume o atual ministro geral da Presidência, Nicolás Eyzaguirre, que já desempenhou esse cargo no governo de Ricardo Lagos (2000-2006). Jorge Rodríguez, presidente do Banco Estado, vai assumir o Ministério da Economia.

O novo ministro da Fazenda garantiu que sua prioridade vai ser "o crescimento econômico com uma política fiscal muito conservadora".

A demissão da equipe econômica revelou profundas desavenças dentro da gestão de Bachelet, iniciadas com o projeto de reforma do sistema de aposentadoria - legado da ditadura de Pinochet - e que culminaram, há dez dias, na proibição de um projeto milionário de investimento em mineração em Dominga, no norte do país.

Segundo analistas, a equipe econômica teria escondido de Bachelet um informe sobre a produtividade econômica elaborado para analisar o impacto da reforma da aposentadoria, que introduz uma taxação de 5% para os empregadores para complementar os 10% dos empregados ao sistema de capitalização individual.

No caso do projeto de mineração, a equipe econômica tinha se mostrado favorável ao investimento de quase 2,5 bilhões de dólares nas redondezas de uma região de proteção ambiental, mas economicamente carente.

Bachelet respaldou publicamente o ministro de Meio Ambiente, Marcelo Mena, que liderou as críticas à iniciativa.

"As cifras econômicas começam a mostrar um maior dinamismo; avançar sustentavelmente a níveis menores de crescimento requer disciplina e decisão do governo e espaço para que o setor privado possa arrancar sua iniciativa com regras claras e estáveis", explicou Valdés em sua renúncia.

Mas ele acredita que não conseguiu "que todos compartilhassem desta convicção", completou.

Minutos antes da renúncia de Valdés, Bachelet tinha mandado um recado público: "Não concebo o desenvolvido às custas das pessoas, em que só os números importam".

Acompanhe tudo sobre:América LatinaChileCrise econômicaCrise políticaEleições

Mais de Mundo

Presidente do México diz que “não haverá guerra tarifária” com EUA por causa de Trump

Austrália proíbe acesso de menores de 16 anos às redes sociais

Putin ameaça usar míssil balístico de capacidade nuclear para bombardear Ucrânia

Governo espanhol avisa que aplicará mandado de prisão se Netanyahu visitar o país