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Governo buscará negociação conjunta com países afetados por taxação dos EUA ao aço e ao alumínio

Avaliação no Planalto é de que tarifas impostas pelo presidente Donald Trump não foram dirigidas exclusivamente ao Brasil

Palácio do Itamaraty: caberá ao Ministério das Relações Exteriores iniciar as conversas com diplomatas do Canadá — maior exportador de aço para os Estados Unidos —, do México e da China para que seja possível iniciar uma negociação em bloco com os Estados Unidos (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Palácio do Itamaraty: caberá ao Ministério das Relações Exteriores iniciar as conversas com diplomatas do Canadá — maior exportador de aço para os Estados Unidos —, do México e da China para que seja possível iniciar uma negociação em bloco com os Estados Unidos (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 16h22.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2025 às 18h47.

Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinar a incidência de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio a partir de 12 de março, a avaliação no Palácio do Planalto é de que os países afetados deve buscar uma negociação conjunta com os norte-americanos. A decisão de Trump, segundo interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não foi direcionada exclusivamente ao Brasil.

Caberá ao Ministério das Relações Internacionais (MRE) iniciar as conversas com diplomatas do Canadá — maior exportador de aço para os Estados Unidos —, do México e da China para que seja possível iniciar uma negociação em bloco com os Estados Unidos. 

Além do MRE, o Ministério da Fazenda e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) auxiliarão o presidente Lula. Como mostrou a EXAME, o MDIC já calcula os impactos da sobretaxação dos produtos brasileiros.

Cotas podem ser usadas novamente

Segundo auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), essa estratégia deve reduzir a margem para retaliações individuais das nações sobretaxadas. A ideia é encontrar uma solução que pode ser semelhante à adotada em 2018.

No primeiro mandato, o republicano também anunciou tarifas de 25% sobre aço e de 10% sobre alumínio. A medida, contudo, nunca chegou a funcionar com força total. Canadá e México foram isentos da taxa por estarem dentro do acordo de livre comércio da USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá).

Outros países, como Brasil, Argentina, Coreia do Sul e Austrália, entraram em um sistema de cotas que, quando excedidas, resultam em sobretaxas.

Canadá e União Europeia avaliam reciprocidade

A estratégia brasileira, entretanto, pode esbarrar em reações dos demais países afetados. A União Europeia prometeu responder às tarifas de 25% que Trump decidiu impor às importações de aço e alumínio. O Canadá também reagiu às novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos.

"Lamento profundamente a decisão dos EUA de impor tarifas sobre as exportações europeias de aço e alumínio", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em um comunicado emitido nesta terça-feira. “Tarifas injustificadas sobre a UE não ficarão sem resposta — elas desencadearão contramedidas firmes e proporcionais”.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que o país buscará destacar o impacto negativo das tarifas dos Estados Unidos sobre aço e alumínio e que – se necessário – a resposta do Canadá será firme e clara. Trudeau descreveu essas tarifas como "inaceitáveis."

"Os canadenses se posicionarão com força e determinação, se for preciso", disse Trudeau, que participa da cúpula de inteligência artificial em Paris.

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