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Governo britânico se recusa a vetar visita de Trump

Milhares de manifestantes protestaram perante o parlamento contra Trump enquanto os deputados analisavam o convite que May estendeu ao americano

Protesto: "sua bem documentada misoginia e vulgaridade lhe desqualificam para ser recebido por sua alteza a rainha ou pelo príncipe de Gales", argumenta pedido popular contra a visita de Trump (Toby Melville/Reuters)

Protesto: "sua bem documentada misoginia e vulgaridade lhe desqualificam para ser recebido por sua alteza a rainha ou pelo príncipe de Gales", argumenta pedido popular contra a visita de Trump (Toby Melville/Reuters)

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EFE

Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 19h04.

Londres - O governo do Reino Unido se recusou nesta segunda-feira a vetar a futura visita de Estado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o debate no parlamento de um pedido popular com mais de 1,8 milhão de assinaturas que espera evitar que o americano seja recebido pela rainha Elizabeth II.

Milhares de manifestantes protestaram perante Westminster contra Trump enquanto os deputados analisavam, em uma sessão sem votações, o convite que a primeira-ministra, Theresa May, estendeu ao presidente americano quando ambos se reuniram na Casa Branca no mês passado.

O vice-ministro das Relações Exteriores, Alan Duncan, que atuou como porta-voz do Executivo, argumentou que a "relação especial" entre Londres e Washington "ultrapassa os partidos políticos e é mais importante que as personalidades individuais".

Por esse motivo, respaldou uma visita, ainda sem data, com a qual o governo espera melhorar a "segurança e prosperidade" de ambos países e na qual May e Trump abordarão "as muitas áreas de interesse" que compartilham suas respectivas administrações.

"A visita deve acontecer e acontecerá", destacou Duncan ao término do debate.

Da oposição trabalhista, o deputado Paul Flynn argumentou que receber Trump com honras de Estado será interpretado como um apoio tácito a suas políticas, e criticou que a primeira-ministra tenha posto a soberana britânica perante a "difícil posição" de receber o americano.

A parlamentar do Partido Verde, Caroline Lucas, também se mostrou contrária à visita, "não só pelo racismo e a misoginia" de Trump, mas também "por seu desprezo à ciência básica sobre a mudança climática".

Na mesma linha, Alex Salmond, do Partido Nacionalista Escocês (SNP), considerou que o convite a Trump responde ao "desespero" do governo para alcançar um acordo comercial com os Estados Unidos perante a futura saída do Reino Unido da União Europeia.

Durante o debate em Westminster Hall, sala anexa à Câmara dos Comuns, protestaram em frente ao edifício do parlamento milhares de manifestantes com cartazes contra Trump" e o "Brexit".

Em coincidência com a sessão parlamentar sobre o presidente americano foram realizados em diversas cidades do Reino Unido atos de protesto sob o lema "Um dia sem nós", em referência ao papel da imigração na economia e na sociedade britânica.

O pedido popular avaliado pelo parlamento admitia que se deve permitir a entrada de Trump no país, mas argumentava que "sua bem documentada misoginia e vulgaridade lhe desqualificam para ser recebido por sua alteza a rainha ou pelo príncipe de Gales".

Por isso, pedia que o governo diminuísse o nível diplomático da viagem, prevista para este ano, e não a tratasse como uma visita de Estado, cujo convite formal costuma ser feito pela monarca britânica a pedido do Executivo.

O Reino Unido celebra com solenidade essas ocasiões, nas quais o líder estrangeiro costuma se alojar no palácio de Buckingham ou no castelo de Windsor, residências de Elizabeth II, e habitualmente faz um discurso perante o parlamento.

O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, demorou 758 dias para receber um convite semelhante, e seu antecessor, George Bush, 978 dias, enquanto Trump foi convidado por May sete dias após sua posse.

A polêmica suscitada no Reino Unido pela futura visita do americano se agravou quando o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, expressou há duas semanas sua oposição a que Trump falasse no palácio de Westminster.

Dirigir-se às câmaras britânicas "não é um direito automático, mas uma honra que se deve ganhar", disse Bercow, que ressaltou sua "oposição ao racismo e ao sexismo", assim como a importância da "igualdade perante a lei e a independência judicial".

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