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Governo britânico adia votação de sua nova proposta para o Brexit

O projeto apresentado pela primeira-ministra britânica tem sido criticado por parlamentares conservadores

Brexit: uma das principais colaboradoras de May deixou o cargo nesta quarta-feira (22) (Toby Melville/Getty Images)

Brexit: uma das principais colaboradoras de May deixou o cargo nesta quarta-feira (22) (Toby Melville/Getty Images)

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AFP

Publicado em 23 de maio de 2019 às 10h46.

O governo britânico adiou nesta quinta-feira (23) a quarta votação no Parlamento sobre o controverso acordo para o Brexit, inicialmente prevista para a primeira semana de junho, após críticas de muitos conservadores às concessões feitas pela primeira-ministra, Theresa May.

A votação sobre o projeto de lei não foi incluída no programa legislativo anunciado nesta quinta aos deputados.

"Nós informaremos a Câmara sobre a publicação e a introdução do projeto de Lei sobre o Tratado de Retirada após o recesso parlamentar", previsto até 4 de junho, declarou o representante do governo Mark Spencer.

A nova proposta de May, anunciada na terça-feira e detalhada no Parlamento um dia depois, inclui a possibilidade de permitir aos deputados votarem sobre a eventualidade de organizar um segundo referendo sobre o Brexit.

Também inclui uma votação dos legisladores sobre uma eventual união alfandegária temporária com a UE e garantias sobre o direito dos trabalhadores e a proteção do meio ambiente, retomando algumas das reivindicações do opositor Partido Trabalhista.

As mudanças no novo texto apresentado pela primeira-ministra não foram suficientes para convencer o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, que considerou-as mal integradas e sem garantias.

"Pode ser que a retórica tenha mudado, mas ela não cumpriu o acordo", acrescentou.

É "pouco mais do que uma versão revestida de seu acordo rejeitado três vezes", disse o líder na quarta-feira.

Além de decepcionar a esquerda, a proposta provocou revolta entre os eurocéticos do Partido Conservador de May.

Como consequência, a ministra para Relações com o Parlamento, Andrea Leadsom, uma das principais colaboradoras da primeira-ministra, renunciou na quarta-feira à noite.

"Houve compromissos desagradáveis ao longo de todo o caminho, mas sempre mantive meu apoio e minha lealdade", escreveu Leadsom à chefe de Governo.

No entanto, após a apresentação do último plano, "parei de acreditar que nossa estratégia atende aos resultados do referendo de 2016" que o Brexit aprovou, apontou Andrea.

Muito debilitada, a chefe de Governo que chegou ao poder em 2016 após a renúncia de seu predecessor David Cameron em razão da vitória do Brexit em referendo, quer, a todo custo, conduzir a missão de tirar seu país da União Europeia antes de deixar o cargo, que tem os dias contados.

Rejeitado três vezes pela Câmara dos Comuns, o acordo de divórcio negociado por May durante dois anos com Bruxelas deveria ser votado novamente pelos legisladores em junho, desta vez na forma de um projeto de lei.

Após a consulta de junho de 2016, no qual 52% dos britânicos votaram a favor do Brexit, o Reino Unido deveria ter abandonado a União Europeia (UE) em 29 de março.

Mas, diante da incapacidade de May de cumprir a agenda, os britânicos deverão participar das eleições para o Parlamento Europeu.

"Quanto mais pode aguentar?", questionou nesta quinta-feira o "Daily Express" com uma fotografia de Theresa May em seu carro oficial e com lágrimas nos olhos.

"May está prestes a partir após o fiasco de Brexit", disse, por sua vez, o jornal "The Sun".

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