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Governo boliviano informa sequestro de chanceler durante passeata

Ministro de Interior da Bolívia afirma que o chanceler David Choquehuanca foi sequestrado por indígenas

Segundo Sacha Llorenti, Choquehuanca está sendo usado como escudo humano pelos indígenas (AFP)

Segundo Sacha Llorenti, Choquehuanca está sendo usado como escudo humano pelos indígenas (AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2011 às 15h38.

La Paz - O ministro de Interior da Bolívia, Sacha Llorenti, afirmou neste sábado que o chanceler David Choquehuanca, um vice-ministro e um general da Polícia foram "sequestrados" pelos indígenas que marcham da Amazônia até La Paz em protesto contra a construção de uma estrada que atravessará uma reserva natural.

"O chanceler David Choquehuanca foi sequestrado por indígenas contrários aos princípios democráticos e que estão usando o chanceler como escudo humano para, a todo custo, continuar com essa marcha", disse Llorenti em entrevista coletiva em La Paz.

O ministro acrescentou que os indígenas obrigaram Choquehuanca, o vice-ministro de Coordenação com os Movimentos Sociais, César Navarro, e um general da Polícia de sobrenome Foronda, chefe das operações na região, "a marchar diante deles " para avançar em direção a cidade de Yucumo e continuar a passeata.

Segundo Llorenti, quatro policiais foram feridos durante os protestos.

Cerca de 1.500 indígenas marcham há 40 dias contra uma estrada de 300 quilômetros, financiada pelo Brasil, que atravessará a reserva natural do Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis).

A passeata ficou detida uma semana próxima a Yucumo, a mais de 300 quilômetros de La Paz, depois que 400 policiais e centenas de colonos e cultivadores de coca ligados ao presidente Evo Morales fecharam a passagem, mas os manifestantes já superaram a primeira barreira policial e se aproximam da cidade.


Em contraste com a versão oficial, o dirigente das etnias guaranis do sudeste da Bolívia, Celso Padilla, disse a jornalistas que "não é um sequestro", mas admitiu que os manifestantes se incomodaram pelo fato de o chanceler tomar o partido dos colonos.

O líder dos indígenas, Fernando Vargas, disse a uma rádio local que as mulheres agarraram Choquehuanca para romper o cerco policial e avançar em direção a Yucumo.

"(Choquehuanca) está aqui para garantir a passagem para Yucumo. Ele armou o problema e agora deve solucioná-lo", acrescentou Vargas.

O chanceler, Navarro e o vice-ministro de Coordenação Governamental, Wilfredo Chávez, chegaram na sexta-feira ao local para tentar dialogar com as etnias.

De acordo com a imprensa local, os indígenas se incomodaram com os enviados de Morales por terem proposto incluir no diálogo os colonos e cocaleiros de Yucumo que fecham a passagem, como se o Governo fosse um mediador alheio ao conflito.

Llorenti acusou os ex-funcionários e ex-aliados do presidente Morales que se uniram na sexta-feira à marcha de ter promovido a violência e os responsabilizou por um possível confronto entre indígenas e camponeses de Yucumo.

As etnias amazônicas e grupos ambientalistas rejeitam a estrada porque temem que esta cause danos ambientais e promova a invasão de camponeses e produtores de folha de coca, base para a fabricação de cocaína, da cidade vizinha de Chapare, reduto político de Morales.

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