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Governo alemão diz que "islã faz parte do país"

A Constituição garante a liberdade de religião e de culto, apontou o porta-voz do governo, Steffen Seibert


	Islamismo: a Constituição garante a liberdade de religião e de culto, apontou o porta-voz do governo, Steffen Seibert
 (Getty Images)

Islamismo: a Constituição garante a liberdade de religião e de culto, apontou o porta-voz do governo, Steffen Seibert (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2016 às 12h11.

Berlim - O governo alemão expressou nesta segunda-feira rejeição aos pronunciamentos islamofóbicos da formação populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e lembrou que, tal como expressou reiteradamente a chanceler Angela Merkel, o "islã faz parte do país".

A Constituição garante a liberdade de religião e de culto, apontou o porta-voz do governo, Steffen Seibert, para acrescentar que não era incumbência do Executivo "comentar" os conteúdos dos programas dos partidos políticos.

O porta-voz da chanceler respondeu assim à polêmica surgida por causa das declarações da vice-presidente da AfD, Beatrix von Storch, no fim de semana passado, que definiu o islã de "ideologia que não está de acordo com a Constituição" alemã e alertou contra a suposta "islamização" progressiva do país.

A própria Merkel, questionada sobre a questão em um comparecimento junto ao presidente da Indonésia, Joko Widodo, se limitou a repetir as palavras de Seibert com relação à liberdade de religião, para acrescentar que "a imensa maioria dos muçulmanos pratica aqui sua religião de acordo com a Constituição".

Quando não é assim, enfatizou a chanceler, corresponde aos corpos de segurança atuarem em consequência e mantê-los sob observação.

Storch, representante do ala mais radical desse partido, se propõe a impulsionar uma moção no próximo congresso da formação, que será realizado em duas semanas em Stuttgart (sul do país), para proibir símbolos muçulmanos.

Sua proposta, secundada por outro dos vice-presidentes do partido, Alexander Gaulant, suscitou críticas de todo o espectro parlamentar alemão.

Desde as fileiras conservadoras de Merkel, o porta-voz de assuntos religiosos de seu grupo parlamentar, Franz Josef Jung, advertiu sobre a progressiva radicalização desse partido e disse que sua postura com relação ao islã cai na inconstitucionalidade.

O Conselho Central dos Muçulmanos da Alemanha já havia expressado no domingo protesto e seu presidente, Aiman Mazyek, comparou hoje o AfD com o partido nazista e o qualificou de partido anticonstitucional.

Estima-se que na Alemanha vivam quatro milhões de muçulmanos, aos que é preciso somar a grande maioria dos 1,1 milhão de peticionários de asilo chegados ao país no ano passado.

A AfD é uma formação emergente, presente nas câmaras regionais de seis dos 16 estados federados alemães, assim como na Eurocâmara, embora sem cadeiras no Bundestag.

No pleito regional realizado em março em três estados federados, o partido obteve porcentagens que oscilaram entre 12% e 24% e as pesquisas em nível nacional (embora as próximas eleições não ocorrerão até o ano que vem) lhes outorgam uma perspectiva de voto de 12% há algumas semanas.

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