Entrada do acampamento: acampamentos da praça al-Nahda da mesquita de Rabaa al-Adawiya se tornaram o epicentro da crise política no Egito desde a derrubada de Mursi (Amr Abdallah Dalsh/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2013 às 09h03.
Cairo - O governo provisório do Egito ainda está debatendo uma forma de encerrar os protestos dos partidários do presidente deposto Mohamed Mursi, disse o jornal estatal al-Ahram nesta terça-feira, sinalizando que uma ação policial não é iminente.
Após uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, na noite de segunda-feira, fontes presidenciais disseram ao jornal que as forças de segurança deverão isolar os acampamentos dos manifestantes no Cairo, em vez de realizar uma ação mais agressiva, que possa levar a um derramamento de sangue.
Os acampamentos da praça al-Nahda e ao redor da mesquita de Rabaa al-Adawiya se tornaram o epicentro da crise política no Egito desde que os militares derrubaram Mursi, em 3 de julho.
Os manifestantes, ligados à Irmandade Muçulmana, prometem permanecer nesses locais até que Mursi seja reempossado na presidência. O governo instalado pelos militares promete realizar eleições dentro de nove meses.
Algumas autoridades desejam evitar um confronto violento, o que poderia prejudicar os esforços do governo para se apresentar como legítimo. Por outro lado, radicais no Exército e nas forças de segurança defendem uma intervenção, para impedir que o movimento da Irmandade cresça.
"As consultas continuam entre todos os órgãos governamentais. O caminho mais provável é cercar as duas concentrações, sufocá-las em vez de (iniciar) uma intervenção de segurança que possa causar vítimas", disse o al-Ahram.
Os esforços internacionais para resolver a crise fracassaram na semana passada. Mediadores estrangeiros dizem que a Irmandade deveria aceitar que Mursi não será devolvido ao poder, mas que as novas autoridades devem trazer a Irmandade de volta para o processo político.
Mursi foi o primeiro presidente democraticamente eleito na história do Egito, depois da derrubada do regime autocrático de Hosni Mubarak. Mas ele não conseguiu resolver os problemas econômicos do país e assustou muitos egípcios com aparentes esforços de dar um caráter mais islâmico ao país, o mais populoso do mundo árabe. Em 3 de julho, após imensas manifestações pela renúncia de Mursi, os militares o derrubaram.
Tarek el Malt, membro do partido Wasat, aliado da Irmandade, disse que escreveu ao ministro do Interior alertando que o uso da força contra os acampamentos agravaria a situação.
Sobre as razões para a polícia ainda não ter dissolvido os protestos, ele disse: "A única interpretação é que, graças a Deus, há pessoas que ainda não estão pensando de forma excludente e querem dar uma oportunidade para soluções pacíficas".