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Governo adota tom conciliatório com grupos de autodefesa

Governo do México adotou tom conciliatório com as milícias de autodefesa que operam no estado de Michoacán


	Grupos de civis armados, as autodefesas, no México: governo muda postura depois de dar um ultimato para que milicianos deixassem as armas
 (Alfredo Estrella/AFP)

Grupos de civis armados, as autodefesas, no México: governo muda postura depois de dar um ultimato para que milicianos deixassem as armas (Alfredo Estrella/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2014 às 08h09.

Cidade do México - O Governo do México adotou nesta quarta-feira um tom conciliatório com as milícias de autodefesa que operam no estado de Michoacán, depois de dar um ultimato para que deixassem as armas, o que os milicianos afirmaram que não vão fazer "por enquanto".

"Não são eles o nosso alvo, são criminosos. Eles têm que estar convencidos que vamos fazer nossa tarefa" de restabelecer a segurança na região de Tierra Caliente, disse hoje em entrevista coletiva o secretário de governo (Interior), Miguel Ángel Osorio Chong.

A região de Tierra Caliente foi cenário, nos últimos dias, de um avanço das milícias de autodefesa que proliferaram em Michoacán há aproximadamente um ano para combater o narcotráfico, em particular o cartel dos Cavaleiros Templários.

A expansão das milícias nos municípios da região, considerados feudos dos "Templários", enfrentou a resistência dos moradores, aparentemente intimidados pelos traficantes, que realizaram protestos e ações violentas como a queima de veículos, estabelecimentos comerciais e escritórios governamentais.

A escalada da violência e a ingovernabilidade em Michoacán motivaram o Governo Federal a emitir na última segunda-feira um ultimato aos grupos de autodefesa. O governo convocou as milícias a se integrarem às forças policiais ou, caso contrário, que renunciassem à luta armada e retornassem para seus lugares de origem.

Horas depois da advertência, começou uma vasta operação para recuperar os municípios de Michoacán que estavam em poder das milícias, uma ação que envolve pelo menos 2 mil integrantes das forças de segurança federais com o apoio de helicópteros.

A operação causou enfrentamentos com esses grupos de civis armados, que denunciaram a morte de quatro pessoas na comunidade de Antúnez.

Osorio reconheceu hoje a morte de uma pessoa nos confrontos, e acrescentou que as autoridades tentam verificar a possível morte de outra.

No entanto, insistiu que o objetivo da operação são os criminosos e anunciou que hoje "houve uma prisão importante" de um membro dos Cavaleiros Templários e disse que são procurados três dos líderes mais representativos desse cartel e outros de níveis inferiores.


Durante a noite, um comunicado do Conselho Nacional de Segurança informou sobre a prisão de Joaquín Negrete, que foi identificado como "líder de uma organização criminosa", e de Jorge Fabián Quezada Andrade, também "um suposto membro do crime organizado na região".

A prisão dos líderes dos "Templários" é uma das condições impostas pelas milícias para que renunciem às armas.

Por outro lado, o titular de governo assinalou que já começou a substituição dos policiais municipais, que eram o maior alvo das milícias por supostos vínculos com o crime organizado.

Contudo, disse que os membros das autodefesas não podem estar armados. "Não haverá declinação" nisso, apontou.

Além disso, Osorio anunciou a nomeação de Alfredo Castillo, homem de confiança do presidente Enrique Peña Nieto, como comissário do Governo Federal em Michoacán, cuja missão será coordenar a partir de hoje os esforços para "restabelecer as condições de segurança e desenvolvimento" no estado.

Castillo participou ontem de uma reunião no município de Apatzingán entre os líderes das milícias com o governador de Michoacán, Fausto Vallejo, e delegados federais.

Os grupos de autodefesa realizaram hoje uma reunião no município de Tepalcatepec para informar a seus membros sobre o que foi tratado durante o encontro com Vallejo e decidir como responder às recentes ações do Governo Federal.

"Vamos esperar os resultados do governo para analisar se renunciaremos às armas", disse à Agência Efe por telefone Estanislao Beltrán, um dos líderes do grupo de Tepalcatepec e porta-voz do Conselho Cidadão de Autodefesa de Michoacán.

Beltrán disse que as milícias vão esperar que as forças federais "limpem o estado dos Templários. Mas não podemos abandonar, por enquanto, os povoados que recuperamos", comentou.

"Por enquanto não podemos renunciar às armas. Estamos dando uma oportunidade ao governo para que apresente seu trabalho. Em seguida, analisaremos e informaremos sobre as ações que vamos tomar", especificou.

Sobre Joaquín Negrete, um dos criminosos detidos nesta quarta-feira pelos agentes federais, disse que, segundo informação das milícias de autodefesa, esse indivíduo se encarregava de cobrar cotas de extorsão a empresários. "Não sabemos se possui uma posição de liderança entre os Templários", afirmou.

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