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Gorbachev pede que Putin e Trump se reúnam para diminuir tensões

O último líder da União Soviética afirmou que os presidentes devem se reunir com urgência, já que a política mundial se tornou uma troca mútua de acusações

"Tenho certeza que ninguém deseja uma guerra, mas tais incidentes na tensa situação atual podem provocar uma grande desgraça", disse Gorbachev (Carlos Barria/Reuters)

"Tenho certeza que ninguém deseja uma guerra, mas tais incidentes na tensa situação atual podem provocar uma grande desgraça", disse Gorbachev (Carlos Barria/Reuters)

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EFE

Publicado em 10 de abril de 2018 às 13h28.

Moscou - O último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev, pediu nesta terça-feira que os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Donald Trump, se reúnam o mais rápido possível para diminuir as tensões entre os dois países.

"É preciso acelerar os preparativos para um encontro entre eles. Devem se reunir o mais rápido possível, mas deve ser um encontro longo, de um ou dois dias, para realizarem uma conversa séria com participação dos ministros de Relações Exteriores e Defesa", disse Gorbachev em entrevista à agência "Interfax".

Gorbachev, que realizou na década de 1980 várias cúpulas de desarmamento com o presidente dos EUA, Ronald Reagan, disse estar "muito decepcionado" com a atitude dos líderes atualidades.

"Está clara a incapacidade de dialogar, de aproveitar os mecanismos diplomáticos. A política mundial agora é a troca mútua de acusações, sanções e, inclusive, ataques militares", lamentou.

O político que rompeu o isolamento da União Soviética pediu que Trump e Putin mostrem vontade política e interrompam a atual corrida armamentista.

"Agora é especialmente atual um problema: o da prevenção de incidentes com a participação de forças militares russas e americanas. Tenho certeza que ninguém deseja uma guerra, mas tais incidentes na tensa situação atual podem provocar uma grande desgraça", explicou o ex-líder soviético.

Apesar dos alertas, Gorbachev não acredita que as partes cheguem a uma situação tão grave como a Crise dos Mísseis de 1962.

"Espero que não cheguemos a isso. Mas o alarme é enorme. Precisamos de um novo movimento pela paz, mas não para jogar a culpa uns nos outros, e sim para exigir que os líderes abram um diálogo sério e lidem com a grande ameaça que se avizinha", pediu.

Em declarações sem precedentes, Trump acusou a Rússia e o Irã de apoiar o regime de Bashar al Assad na Síria e prometeu responder "contundentemente" ao suposto ataque químico registrado no país.

O presidente da Rússia saiu em defesa de Al Assad, considerando como inadmissíveis as acusações de Trump.

Os dois conversaram por telefone no último dia 20 de março. Na ligação, Trump convidou Putin para visitar a Casa Branca.

Desde então, além das tensões na Síria, a Rússia expulsou 60 diplomatas americanos do país, uma resposta à medida similar tomada pelos EUA em solidariedade ao Reino Unido devido ao caso do envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal.

 

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