Mikhail Gorbachev: mais da metade dos russos se diz indiferente ao ex-governante (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 2 de março de 2011 às 09h07.
Moscou - O último dirigente soviético e pai da "Perestroika", Mikhail Gorbachev, celebra nesta quarta-feira discretamente o aniversário de 80 anos, ante a indiferença dos compatriotas que não o perdoam pelo fim da União Soviética.
Gorbachev deve receber 300 amigos e parentes em um restaurante de Moscou.
Mas o principal evento, no entanto, acontecerá em Londres no dia 30 de março no Royal Albert Hall, com a presença de membros de famílias reais, personalidades políticas e artistas do mundo inteiro.
A renda do evento, que terá as presenças da atriz Sharon Stone, do cantor Bryan Ferry e do grupo de rock Scorpions, entre outros, será destinada ao centro infantil para o tratamento da leucemia criado pela esposa de Gorbachev, Raisa, que morreu vítima de câncer em 1999.
Os canais de televisão públicos russas exibiram programas sobre a "Perestroika" nos quais criticam o atual regime russo, com comentários brandos sobre seu papel para a Rússia, sem que isto represente uma homenagem particular ao Prêmio Nobel da Paz, que para o Ocidente permitiu o fim da Guerra Fria.
O respeitado jornal Kommersant não dedica nenhuma linha ao acontecimento, enquanto o jornal econômico Vedomosti analisa em um editorial os motivos da queda da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), atribuída pela maioria dos russos a Gorbachev.
"Não foram as reformas de Gorbachev que provocaram a queda da URSS, e sim os problemas econômicos", afirma o Vedomosti, ao destacar que o ex-dirigente recebeu uma "herança econômica pesada".
Em Ekaterimburgo, reduto do falecido presidente Boris Yeltsin, rival de Gorbachev, a avenida Lenin foi rebatizada nesta quarta-feira com o nome de Mikhail Gorbachev e uma faixa afirma "Obrigado Gorbachev", informa a agência Interfax.
Mas a opinião dos russos é implacável: mais da metade da população afirma ser indiferente a Gorbathev, 20% sentem "desprezo" e apenas 10% têm "respeito" pelo pai Perestroika e Prêmio Nobel da Paz em 1990.