O chefe da junta militar disse ainda que na convenção nacional se definirá o futuro do país "de uma maneira pactuada, democrática e com total liberdade" (Chip Somodevilla/ Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2012 às 18h25.
Kati - O chefe da junta militar que controla Mali desde 22 de março, Amadou Haja Sanogo, ameaçou nesta segunda-feira julgar por alta traição o presidente deposto Amadou Toumani Touré e convocou as forças políticas do país para uma convenção nesta quinta-feira.
Em declaração à imprensa feita na base militar de Kati (a cerca de 15 quilômetros de Bamaco), onde foi iniciado no dia 21 de março o golpe que derrubou Touré, Sanogo disse que o ex-presidente de Mali será julgado por alta traição e desvio de fundos.
O paradeiro de Touré é desconhecido e Sonogo não deu informações sobre sua localização. O segundo e último mandato de Touré terminaria no final deste mês.
O chefe da junta militar disse ainda que na convenção nacional se definirá o futuro do país "de uma maneira pactuada, democrática e com total liberdade".
Sanogo convocou os representantes "da classe política e todos os atores da sociedade civil, sem exceção," a participar da reunião.
O líder golpista ressaltou que "as conclusões da convenção serão aceitas por todos" e acrescentou que nela também será discutida a integridade territorial e a situação da segurança no norte do país, em referência à rebelião tuaregue que foi deflagrada nas principais cidades da região.
Em 17 de janeiro, o grupo independentista tuaregue Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA) pegou em armas para exigir a autodeterminação da metade do norte de Mali, um território de 850 mil quilômetros quadrados.
Após o vazio de poder provocado pelo golpe de estado liderado pelo capitão Sanogo, o MNLA, assim como outros grupos independentistas salafistas como o Ansar al Din e terroristas como a Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI), intensificaram sua ofensiva e tomaram o controle das localidades de Kidal, Gao e Tombuctu.
Monogo pediu ainda o diálogo e o fim do embargo da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), que determinou o bloqueio a Mali para forçar a junta militar a restaurar a ordem política e constitucional no país.
A Cedeao impôs ontem a Mali sanções econômicas, diplomáticas e financeiras. Segundo Sanogo "a frágil economia do país não pode suportar" o embargo, que prejudica a maioria da população.