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Gibraltar se queixa de ações do Conselho Europeu sobre pós-Brexit

Futuro do território britânico de meros 6,7 quilômetros quadrados no extremo sul da Espanha tornou-se a primeira grande disputa do Brexit

Gibraltar: em um referendo de 2002, 98 por cento dos habitantes de Gibraltar rejeitaram uma soberania conjunta britânico-espanhola (Reuters/Reuters)

Gibraltar: em um referendo de 2002, 98 por cento dos habitantes de Gibraltar rejeitaram uma soberania conjunta britânico-espanhola (Reuters/Reuters)

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Reuters

Publicado em 3 de abril de 2017 às 11h35.

Londres - O líder de Gibraltar comparou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, nesta segunda-feira a um "marido traído que desconta nos filhos" por propor explicitamente que a Espanha tenha poder de veto sobre os laços entre o enclave rochoso britânico e a União Europeia depois da desfiliação britânica do bloco, o chamado Brexit.

O futuro de Gibraltar, um território britânico de meros 6,7 quilômetros quadrados no extremo sul espanhol, tornou-se a primeira grande disputa do Brexit desde que a primeira-ministra britânica, Theresa May, iniciou o processo formal da separação no dia 29 de março.

No esboço da posição da UE para as negociações de desligamento distribuído por Tusk, Gibraltar recebeu uma menção explícita. A Espanha foi mencionada especificamente como tendo direito a veto na aplicação de qualquer acordo comercial futuro da UE com o Reino Unido.

"O senhor Tusk, que tem se inclinado a usar as analogias do divórcio e da petição de divórcio, está se comportando como um marido traído que desconta nos filhos", disse o ministro-chefe de Gibraltar, Fabian Picardo, à Reuters em uma entrevista.

"Isto é um claro assédio espanhol".

Picardo disse que a UE deveria retirar a referência a Gibraltar, cuja maioria votou pela permanência no bloco, das diretrizes do esboço.

Embora se vislumbrem anos de negociações tortuosas a respeito de temas que podem afetar trilhões de dólares no comércio, durante três dias o debate do Brexit no Reino Unido se concentrou no futuro do enclave capturado pelos britânicos em 1704, mas que a Espanha quer de volta.

A desavença sobre Gibraltar ilustra o quão rapidamente a influência britânica declinou desde o referendo de desfiliação de 23 de junho - neste caso a favor de Madri - e como questões vistas por potências da UE como periféricas podem se tornar grandes complicações.

Cedida ao Reino Unido "perpetuamente" no Tratado de Utrecht de 1713, Gibraltar é motivo de discórdia entre Londres e Madri há tempos, e a fronteira passou muitos anos fechada durante a ditadura de Francisco Franco.

Em um referendo de 2002, 98 por cento dos habitantes de Gibraltar rejeitaram uma soberania conjunta britânico-espanhola.

"A soberania de Gibraltar não mudou e não irá mudar", disse o secretário das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, nesta segunda-feira, ao chegar para uma cúpula de chanceleres da UE em Luxemburgo.

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