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George H.W. Bush, presidente da Guerra do Golfo vencido pela economia

"Bush pai" será lembrado como um republicano moderado que soube ganhar o respeito de ambos partidos apesar de ter governado apenas quatro anos

George H.W. Bush: popularidade que conquistou entre os americanos com suas vitórias na política exterior ficou minada pela recessão econômica (David J. Phillip/Pool/Reuters)

George H.W. Bush: popularidade que conquistou entre os americanos com suas vitórias na política exterior ficou minada pela recessão econômica (David J. Phillip/Pool/Reuters)

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EFE

Publicado em 1 de dezembro de 2018 às 09h22.

Washington - Piloto de guerra, embaixador na ONU, congressista, diretor da CIA, vice-presidente e presidente: George H.W. Bush foi quase tudo, mas entrou para a história como um presidente de um só mandato ao qual a popularidade pela Guerra do Golfo não lhe bastou para sobreviver ao declive econômico.

"Bush pai", como passou a ser chamado popularmente após a eleição de seu filho George W. Bush como presidente em 2000, será lembrado como um republicano moderado que soube ganhar o respeito de ambos partidos apesar de ter governado apenas quatro anos.

A frágil economia nacional pôs fim a uma presidência definida pela política externa: a queda do muro de Berlim, a reunificação alemã, a invasão do Panamá, a Guerra do Golfo, a dissolução da União Soviética e o fim da Guerra Fria.

Em 1991 assinou com o então líder soviético, Mikhail Gorbatchov, o Tratado de Redução de Armas Estratégicas para limitar o número de mísseis nucleares.

No entanto, foi sua liderança na Guerra do Golfo (1990-1991), alcançando a saída do Iraque do Kuwait com um número mínimo de vítimas americanas, que lhe transformou no presidente mais popular do país até então, com 89% de aprovação.

Bush organizou uma coalizão militar de mais de 30 países contra a invasão do ditador iraquiano Saddam Hussein no Kuwait em agosto de 1990 e conseguiu a libertação do pequeno país petroleiro com cinco semanas de ofensiva aérea e 100 horas de combate terrestre.

Outra das suas grandes operações no exterior foi a invasão do Panamá em dezembro de 1989, com a captura do ditador Manuel Antonio Noriega, requerido pela Justiça dos Estados Unidos por narcotráfico.

A popularidade que conquistou entre os americanos com suas vitórias na política exterior ficou minada pela recessão econômica, que lhe obrigou a romper sua grande promessa eleitoral de não aumentar os impostos.

A célebre frase "Leia os meus lábios, não haverá novos impostos", emblema do seu discurso de aceitação como candidato republicano em 1988, perseguiu-o depois na campanha pela reeleição de 1992, quando seus oponentes a usaram como exemplo das suas promessas descumpridas.

Além disso, sua recusa a ampliar as ajudas ao desemprego por medo de aumentar o déficit fez com que fosse acusado de falta de empatia com os mais afetados pela crise econômica.

Para essa percepção contribuíram suas origens privilegiadas no seio de uma endinheirada família da Nova Inglaterra, filho de Prescott Bush, um grande banqueiro de Wall Street que depois foi senador federal.

Assim, apesar da popularidade sem precedentes que lhe deram seus triunfos militares e diplomáticos, Bush perdeu para o então governador democrata do Arkansas, Bill Clinton, as eleições de 1992, incapaz de sobreviver ao descontentamento social pela crise econômica e pelo aumento da violência nas áreas pobres dos centros urbanos.

Oito anos depois, seu filho mais velho, George W. Bush, sucederia Clinton na Casa Branca, um caminho que tentou seguir nas eleições de 2016, sem sucesso, seu segundo filho e ex-governador da Flórida (1999-2007), Jeb Bush, que teve que se retirar muito cedo das primárias republicanas diante de seu pouco apoio popular.

Embora tenham seguido seus passos na política, nenhum dos seus filhos conseguiu igualar sua vasta trajetória: congressista, embaixador na ONU, presidente do Comitê Nacional Republicano, chefe do escritório de contato com a China, diretor da CIA, vice-presidente de Ronald Reagan (1981-1989) e presidente (1989-1993).

George Herbert Walker Bush (Milton, Massachusetts, 1924) mostrou aptidão para liderança desde muito jovem: foi presidente da sua classe, capitão da equipe de handebol e membro de associações exclusivas durante seus anos no elitista internato da Phillips Academy.

Aos 18 anos, adiou a entrada na Universidade Yale - onde se graduaria anos mais tarde como economista - para entrar na Marinha como o piloto mais jovem até essa data e combater na Segunda Guerra Mundial.

Em 1944, seu avião foi atingido por fogo japonês, mas ele continuou rumo ao seu alvo, uma estação de rádio, e o bombardeou com sucesso antes de saltar de paraquedas e ser resgatado depois por um submarino americano.

Um ano depois se casou com Barbara Pierce, o amor da sua vida, a quem tinha conhecido em um baile de Natal e com quem esteve casado durante 73 anos, até a morte dela há quase oito meses.

O casal teve seis filhos - George, Robin, Jeb, Neil, Marvin e Dorothy -, mas sofreu a tragédia da morte da sua primeira filha, Robin, por leucemia pouco antes de seu quarto aniversário.

George H.W. Bush, que sofria um tipo de Parkinson que lhe impedia de caminhar, morreu hoje aos 94 anos depois de ter sido internado nos últimos tempos várias vezes por problemas respiratórios e também por uma fratura cervical.

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