As equipes compararam a topografia da superfície das geleiras em diferentes momentos (Thibault Camus/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de agosto de 2022 às 14h17.
Desde a década de 1930, as 1.400 geleiras da Suíça perderam mais da metade de seu volume total, sugere um novo estudo do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurique), uma respeitada universidade politécnica, e do Instituto Federal Suíço de Pesquisa de Florestas, Neve e Paisagens, cujos resultados foram anunciados nesta segunda-feira, 22. Em um momento de crescentes preocupações com as mudanças climáticas, os pesquisadores afirmam que o recuo do gelo está se acelerando.
Com base em uma análise das mudanças na topografia das geleiras desde 1931, eles estimam que o volume de gelo encolheu pela metade nos 85 anos que se seguiram até 2016. Desde então, as geleiras teriam perdido mais 12% de volume, em apenas seis anos. “O derretimento está acelerando. Observar de perto esse fenômeno e quantificar suas dimensões históricas é importante porque nos permite inferir as respostas das geleiras a uma mudança climática", disse Daniel Farinotti, coautor do estudo, que foi publicado na revista científica The Cryosphere.
A área coberta pelas geleiras da Suíça corresponde a cerca de metade de todas as geleiras dos Alpes europeus. Para o estudo, as equipes se basearam em uma combinação de observações de longo prazo delas, que incluiu medições em campo e fotografias aéreas e no topo da montanha — incluindo 22 mil tiradas entre as duas guerras mundiais. Apenas algumas das geleiras do país foram estudadas regularmente ao longo dos anos, mas os pesquisadores puderam preencher as lacunas comparando a forma e posição das imagens e usando câmeras e instrumentos para medir os ângulos de algumas áreas.
As equipes compararam a topografia da superfície das geleiras em diferentes momentos, o que permitiu os cálculos sobre as mudanças nos volumes de gelo. Nem todas as geleiras suíças estão perdendo gelo na mesma proporção, informaram os cientistas. Altitude, quantidade de detritos e a inclinação de seu “focinho” (sua parte mais baixa, que é a mais vulnerável ao derretimento) são alguns dos fatores que afetam a velocidade de recuo do gelo.
Os pesquisadores também descobriram que em dois períodos — nas décadas de 1920 e 1980 — houve um crescimento eventual da massa glacial, mas isso foi ofuscado pela tendência de declínio, que é maior. As descobertas podem ter diversas implicações para as fontes de energia da Suíça a longo prazo, já que a energia hidrelétrica corresponde a 60% da eletricidade do país, segundo dados do governo suíço.
(Estadão com Associated Press)
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