Os "gatos" sugam energia suficiente para abastecer uma cidade de 10 milhões de habitantes (Wikimedia Commons)
Vanessa Barbosa
Publicado em 6 de novembro de 2012 às 15h09.
São Paulo – Está previsto no artigo 155 da Lei federal 2848/40 do Código Penal: subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel, incluindo energia elétrica, é crime com pena de reclusão de um a quatro anos, e multa. Mesmo assim, as ligações clandestinas de luz, o popular “gato”, ainda são prática corriqueira no Brasil, o oitavo país com a maior taxa de furto de luz no mundo, 18%.
Prova disso é o prejuízo do crime: 8 bilhões de reais, segundo projeções das distribuidoras para este ano. Na prática, os gatos sugam 25.751 gigawatts-hora (GWH), o suficiente para abastecer uma cidade de 10 milhões de habitantes, como São Paulo ou o estado do Paraná.
Os dados fazem parte de um estudo da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee). Além de pesar no bolso dos consumidores, a prática ilícita é perigosa: em dez anos, 444 pessoas morreram ao fazer ligação clandestina. Só em 2011 foram 60 mortes.
De acordo com a pesquisa, sem os gatos, a conta de luz paga pelos consumidores brasileiros poderia cair 3,1% em média. A região Norte é a que mais se beneficiaria, com uma redução de até 6,9%, seguida do Nordeste (3,6%), Sudeste (3,1%), Centro-Oeste (2,8%) e Sul (1,7%).
Veja abaixo os 10 países com maior taxa de furto de energia:
País | Paraguai | Uruguai | Índia | Colômbia | Equador | Uruguai | México | Brasil | Turquia | Bolívia |
Furto | 51% | 39% | 32% | 28% | 26% | 22% | 21% | 18% | 17% | 16% |
E aqui, a proporção de energia perdida para os "gatos" por distribuídoras no Brasil:
Distribuidora | Perda | Distribuidora | Perda |
1- Ceal (AL) | 25% | 15- CEB (DF) | 4,6% |
2- Cepisa (PI) | 24,7% | 16- Coelba (BA) | 4,2% |
3- Light (RJ) | 19,8% | 17- Energisa (SE) | 4,2% |
4- Celpa (PA) | 19,5% | 18- Cemig (MG) | 3,3% |
5- Ampla (RJ) | 12,3% | 19- Ceig (GO) | 3,2% |
6- Cemat (MT) | 10,8% | 20- CPFL Paulista (SP) | 3,2% |
7- Cemar (MA) | 10% | 21- Copel (PR) | 2,7% |
8- CEEE (RS) | 10% | 22- Elektro (SP) | 2,5% |
9- Celpe (PE) | 9,5% | 23-Coelce (CE) | 2,0% |
10- Escelsa (ES) | 9,3% | 24- CPFL Piratininga (SP) | 1,6% |
11- Enersul (MS) | 9,0% | 25- Celesc (SC) | 1,5% |
12- Bandeirante (SP) | 7,3% | 26- RGE (RS) | 1,5% |
13- Energisa (SE) | 4,8% | 27- AES Sul (RS) | 1,4% |
14- Eletropaulo (SP) | 4,7% | 28- Cosern (RN) | 1,1% |