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Gastos em armas nucleares foram de US$ 91 bilhões em 2023 com aumento de tensões geopolíticas

Valor subiu um terço em cinco anos, apontam dois estudos internacionais

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Agência de notícias

Publicado em 17 de junho de 2024 às 12h16.

Última atualização em 17 de junho de 2024 às 12h54.

As potências nucleares modernizaram seus arsenais atômicos devido ao aumento das tensões geopolíticas e aumentaram os gastos no setor em um terço nos últimos cinco anos, apontam dois estudos divulgados nesta segunda-feira.

De acordo com a Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês), os nove Estados com armas nucleares — Rússia, Estados Unidos, França, Índia, China, Israel, Reino Unido, Paquistão e Coreia do Norte — gastaram no ano passado o total de US$ 91 bilhões (R$ 489 bilhões).

O estudo mostra, em conjunto com outro publicado pelo Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), que os gastos destes países aumentaram consideravelmente à medida que modernizaram suas armas nucleares e, inclusive, implantaram novos sistemas.

"Considero razoável afirmar que há uma corrida armamentista nuclear em curso", declarou Melissa Parke, diretora do ICAN, à AFP.

"Não víamos as armas nucleares desempenharem um papel tão importante nas relações internacionais desde a guerra fria", disse Wilfred Wan, que dirige um programa sobre as armas de destruição em massa do Sipri.

Segundo o instituto, o total de ogivas nucleares no mundo registrou leve queda: no início do ano eram 12.121, ante 12.512 no começo de 2023.

Uma parte destas ogivas deve ser desmantelada, mas 9.585 estão disponíveis para uso potencial, nove a mais que no ano passado.

Quase 2,1 mil delas foram mantidas em “alerta operacional elevado” para serem usadas em mísseis balísticos.

A grande maioria das ogivas nucleares pertence à Rússia e aos Estados Unidos, países que possuem 90% das armas nucleares mundiais.

US$ 2.898 por segundo

Pela primeira vez, o Sipri estima que a China possua "algumas ogivas nucleares em estado de alerta operacional elevado", ou seja, prontas para uso imediato.

"Embora o número total de ogivas nucleares continue em queda, à medida que as armas da era da guerra fria são progressivamente desmanteladas, registramos o aumento do número de ogivas nucleares operacionais a cada ano entre as potências nucleares", afirmou Dan Smith, diretor do Sipri.

De acordo com a ICAN, os gastos com armas nucleares em todo o mundo aumentaram em US$ 10,8 bilhões (R$ 58 bilhões) em 2023 na comparação com o ano anterior. Os gastos dos Estados Unidos representaram 80% do aumento.

A participação de Washington nos gastos totais, de US$ 51,5 bilhões, "é maior do que a de todos os outros Estados que possuem armas nucleares combinados", afirmou.

A China aparece em segundo lugar (US$ 11,8 bilhões), seguida pela Rússia (US$ 8,3 bilhões).
As potências nucleares gastaram no total US$ 2.898 (R$ 15.580) por segundo no ano passado para financiar estas armas, segundo o estudo. Os valores destinados às armas nucleares aumentaram 33% desde 2018 (que na época alcançavam US$ 68,2 bilhões), quando o ICAN começou a compilar os dados.

Desde então, os países investiram US$ 387 bilhões (R$ 2,08 trilhões) nestas armas, acrescentou o ICAN.

Parke denunciou o "uso inaceitável de fundos públicos" e chamou os gastos de "obscenos".

Segundo a diretora do ICAN, estes recursos representam mais do que o Programa Mundial de Alimentos calcula ser necessário para acabar com a fome no mundo. "E poderíamos plantar 1 milhão de árvores por cada minuto de gastos destinados às armas nucleares", acrescentou.

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