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Gasto militar global chega a nível recorde, puxado por EUA e China

Instituto Internacional de Estocolmo disse que o gasto militar total em 2018 atingiu a marca de 1,82 trilhão de dólares, maior desde a Guerra Fria

Militarização: gasto global alcançou seu maior nível no ano passado desde o fim da Guerra Fria (Andy Wong/Reuters)

Militarização: gasto global alcançou seu maior nível no ano passado desde o fim da Guerra Fria (Andy Wong/Reuters)

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Reuters

Publicado em 29 de abril de 2019 às 13h05.

Estocolmo — O gasto militar global alcançou seu maior nível no ano passado desde o fim da Guerra Fria, impulsionado pelo crescente gasto de Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo, disse nesta segunda-feira um centro de estudos sobre o setor de defesa.

Em seu relatório anual, o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), disse que o gasto militar total em 2018 atingiu a marca de 1,82 trilhão de dólares, 2,6 por cento a mais do que no ano anterior.

É a maior cifra desde 1988, quando o dado foi disponibilizado pela primeira vez, no momento em que a Guerra Fria caminhava para o fim.

O gasto militar dos EUA subiu 4,6 por cento no ano passado, chegando a 649 bilhões de dólares, o que mantém o país de longe como o que mais gasta na área. Os norte-americanos são responsáveis por 36 por cento do gasto militar global, praticamente o mesmo que os oito países seguintes somados, segundo o Sipri.

A China, que tem o segundo maior gasto, desembolsou 5 por cento a mais em 2018, chegando a 250 bilhões de dólares, no 24º aumento anual consecutivo.

“Em 2018, os EUA e a China foram responsáveis por metade do gasto militar do mundo”, disse Nan Tian, pesquisador no programa de Gasto Militar e Armamentista do Sipri (Amex, na sigla em inglês).

Com o compromisso do presidente dos EUA, Donald Trump, de robustecer o setor de defesa norte-americano, mesmo com a redução das tropas em zonas de conflito como o Afeganistão, o ano de 2018 marcou o primeiro aumento no gasto militar do país desde 2010, disse o Sipri. O pedido de Trump ao Congresso neste ano para gastos do setor de defesa é o maior em termos nominais antes do ajuste pela inflação.

“Esse aumento no gasto dos EUA foi impulsionado pela implementação de novos programas de aquisição de armas em 2017 sob o governo Trump”, disse Aude Fleurant, diretor do programa Amex-Sipri, em nota.

Os outros principais gastos, em ordem decrescente, foram de Arábia Saudita, Índia, França, Rússia, Reino Unido, Alemanha, Japão e Coreia do Sul. Os sauditas, que lideram uma coalizão militar em guerra com os houthis aliados ao Irã no Iêmen, foram responsáveis pelo maior gasto per capita, pouco acima dos EUA.

Trump tem criticado alguns dos aliados de Washington da Otan na Europa, sobretudo a Alemanha, por não cumprirem a meta da aliança de gastar no setor de defesa 2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) dos países-membros.

Os dados do Sipri mostram que os gastos militares ficaram em 1,2 por cento do PIB na Alemanha --a maior economia da Europa-- no ano passado, com base nas estimativas do PIB para 2018 projetadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Reino Unido e França, duas das outras maiores economias da Europa, gastaram 1,8 por cento e 2,3 por cento do PIB, respectivamente, no setor de defesa em 2018.

O gasto militar de todos os 29 países-membros da Otan representa pouco mais da metade do gasto global, acrescentou o Sipri.

A Rússia, que deu exibição de força militar com a anexação em 2014 da região da Criméia, na Ucrânia, e a intervenção no conflito sírio, saiu da lista dos cinco paaís com mais despesas no setor em 2018, após uma queda anual de 3,5 por cento.

Apesar de um esforço sustentado para atualizar e modernizar as Forças Armadas da Rússia, o presidente Vladimir Putin teve que apertar o orçamento na esteira de um declínio acentuado nos preços globais do petróleo e da necessidade de priorizar alguns programas de gastos domésticos.

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