Sergio Massa: ministro da economia lançou várias medidas para conquistar o eleitorado (Tomas Cuesta/Getty Images)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 21 de outubro de 2023 às 10h20.
Última atualização em 22 de outubro de 2023 às 22h10.
O ministro da Economia e candidato à presidência da Argentina, Sergio Massa, anunciou diversas medidas nos últimos meses na busca para chegar ao segundo turno da eleição na Argentina. Ao que parece, elas surtiram efeito: Massa e o deputado ultraliberal Javier Milei vão ao segundo turno, mostram dados iniciais da apuração da eleição, realizada neste domingo, 22.
Após o resultado das primárias mostrar o ultraliberal Javier Milei como grande favorito, o nome do governo na disputa usou a caneta para anunciar ações que foram do congelamento do preço dos combustíveis até a redução do imposto de renda sobre o salário para quase toda população da Argentina.
Chamado de Plan Plantita, o plano econômico-eleitoral pode custar quase 1% do PIB argentino, segundo a Bloomberg. Parte das medidas será financiada pela criação de um imposto extraordinário cobrado de bancos e outras grandes companhias do país. Segundo Massa, essas empresas se beneficiaram com a desvalorização do peso após a votação das primárias.
Apesar da sensação de bem-estar para a população no curto-prazo, as medidas representam uma piora do cenário fiscal, que agrava ainda mais a crise econômica do país. Segundo relatório do Itaú BBA, a previsão é que a Argentina tenha um déficit fiscal de mais de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. O acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) era que rombo nas contas públicas fosse de apenas 1,9% neste ano.
A estimativa de economistas é que a inflação para 2023 chegue a 170%. O índice de inflação mensal de setembro foi o mais alto do ano, de 12,7%, e chegou a 138,3% nos últimos 12 meses.
As projeções indicam ainda uma economia em contração. No segundo trimestre de 2023, o PIB argentino encolheu 2,8% em relação ao trimestre anterior — e caiu 4,9% na comparação anual. A FMI estima que o PIB argentino terá retração de 2,5% neste ano.
No câmbio, o governo desvalorizou o peso e elevou o câmbio oficial em 22%, com cada dólar sendo vendido por 365 pesos na cotação. A moeda paralela, batizada de dólar blue, chegou a custar mais de 1.000 pesos no começo de outubro. Nos últimos dias, antes da votação, o dólar blue teve caiu, para 900 pesos. Os argentinos reduziram as negociações à espera do que pode ocorrer após as eleições.
Mesmo com todas as medidas anunciadas nos últimos meses, Massa não tirou a vantagem de Milei, e seguiu na segunda colocação nas principais pesquisas.
Em média, Milei tem ficado na faixa de 31 a 32% de preferência, com picos de 35%. Massa e Bullrich estão ao redor dos 25%, com vantagem para Massa na maioria dos estudos.
Em agosto, Massa anunciou um acordo com as refinarias e produtores para congelar os preços de combustíveis no país até 31 de outubro, um pouco depois do primeiro turno. O ministro determinou ainda que as empresas que não seguissem a decisão teriam seus benefícios fiscais retirados. Massa criou um sistema de reclamações para a população no Ministério da Energia para realizar esse acompanhamento de preços.
O governo argentino determinou que trabalhadores que ganham até 1,7 milhão de pesos argentinos por mês não pagarão imposto de renda. A medida pode atingir mais de 90% da população.
Com justificativa de que o valor seria para compensar a desvalorização da economia do país, o ministro da Economia anunciou um auxílio para trabalhadores informais entre 18 e 64 anos que não sejam aposentados ou recebam qualquer outro auxílio do governo.
O valor do benefício é de 47 mil pesos e será pago em duas parcelas iguais, em outubro e novembro.
Após os dados mostrarem uma inflação de dois dígitos, Massa anunciou a devolução de impostos cobrados a partir de agosto sobre produtos da cesta básica para 18 milhões de argentinos.
O governo criou um bônus salarial mensal variável para trabalhadores do setor público, privado e para aposentados e pensionistas.
Para o setor público, o valor fixo de 60 mil pesos será pago em duas parcelas em setembro e outubro para 390 mil funcionários da administração pública que recebem salários líquidos de até 400 mil pesos por mês.
No caso dos trabalhadores do setor privado, duas parcelas de US$ 30 mil serão pagas nos meses de setembro e outubro. O benefício é válido para quem recebe salários líquidos de até 400 mil pesos por mês. O governo absolveu o custo nas micro e pequenas empresas.
Para aposentados e pensionistas, o bônus de 37 mil pesos será pago nos meses de setembro, outubro e novembro.
Massa anunciou um bônus único de 25 mil pesos em duas parcelas para as empregadas domésticas. Para os empregadores com rendimentos de até 2 milhões de pesos mensais, o governo argentino reembolsará 50% deste reforço.
O benefício para a população de baixa renda recebeu um reforço em meio à disputa eleitoral. Duas parcelas mensais extras serão pagas, conforme o número de filhos da família. Beneficiários com um filho receberá 10 mil pesos; com dois filhos, 17 mil pesos; e, com três filhos, 23 mil pesos. O valor do cartão vai ter um aumento de 30% em média.
O governo criou uma linha de crédito para trabalhadores de até 400 mil pesos, em 24, 36 ou 48 quotas. Cada quota não poderá exceder 30% da renda mensal e o valor será depositado em um cartão de crédito bancário em até cinco dias úteis. A taxa de juros será equivalente a 50% da atual taxa de financiamento bancário no país.
Para agradar o agro local, Massa autorizou a isenção de impostos sobre a exportação de produtos agrícolas com valor industrial agregado, como vinho, arroz e tabaco, e a entrega de fertilizantes.
Massa anunciou o lançamento de um programa para estimular o turismo. A medida devolve 70% do valor gasto em viagens pelo país, limitado a 1.000 pesos, entre 29 de setembro e 17 de outubro.