País necessita de investimentos de cerca de R$ 10 bilhões ao ano para garantir a universalização dos serviços de água e esgoto até 2015 (Divulgação/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 4 de novembro de 2011 às 16h25.
São Paulo - Instituições públicas do Brasil e da Alemanha querem transformar o gás liberado no processo de tratamento de esgoto em combustível para automóveis. O objetivo será reduzir o consumo de petróleo e as emissões de dióxido de carbono.
O projeto será implantado em Franca, interior de São Paulo, pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp). Estima-se que o investimento seja de R$ 6 milhões. Deste total, R$ 5,1 milhões serão aplicados pelo governo da Alemanha por meio da Iniciativa Internacional de Proteção Climática, do Ministério do Meio Ambiente. O acordo já foi firmado com o Instituto Fraunhofer, de Stuttgart, em Baden-Württemberg.
O pesquisador da área de Biotecnologia Ambiental e Engenharia de Bioprocessos do Instituto Fraunhofer, Werner Sternad, informa que a estação de tratamento de esgoto (ETE) terá um biodigestor que captará 2.700 m³ de biogás e irá enriquecê-lo com a inserção de componentes químicos, assim se transformará em 1.800 m³ de biometano, ou seja, terá o mesmo poder calorífico da gasolina. “Um metro cúbico de biometano equivale a um litro de gasolina. Este produto resultante do tratamento do esgoto será aplicado na frota de veículos da Sabesp que atende a região de Franca”, disse Sternad ao Globo Natureza. A cidade de Franca foi escolhida por ter uma grande capacidade de processamento do esgoto.
Já o superintendente de pesquisa e desenvolvimento e inovação tecnológica da Sabesp, Américo de Oliveira Sampaio, explica que 49 veículos da estatal paulista serão abastecidos com este gás. Com isso, espera-se uma economia de 1.800 litros de gasolina por dia e uma redução nas emissões de CO2.
De acordo com Sternad, transformar biogás de esgoto em combustível não é um prática nova. A tecnologia já existe há 15 anos na Alemanha, além de já ser utilizada nas cidades de Estocolmo, na Suécia, e em Berna, na Suíça. Ele ainda afirma que qualquer cidade com mais de 20 mil habitantes pode aderir a esta técnica. “Em São Paulo, por exemplo, gera-se 5 mil m³ de biogás por hora. Isto tudo poderia ser transformado em combustível a partir do beneficiamento”, afirmou o pesquisador.
O projeto de instalação do biodigestor começou a ser negociado há três meses. A previsão é que até março de 2012 já esteja tudo instalado. Caso dê certo, o projeto será levado para a frota da Sabesp no estado.