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Gabrielle Giffords, uma defensora do porte de armas como tradição

A congressista americana, que levou um tiro na cabeça em Tucson, é uma defensora da posse de armas como uma "tradição do Arizona"

Gabrielle Giffords: dreito de guardar e portar armas não depende da cidade (Divulgação/Reuters)

Gabrielle Giffords: dreito de guardar e portar armas não depende da cidade (Divulgação/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2011 às 05h18.

Washington- A congressista americana Gabrielle Giffords, que levou um tiro na cabeça no tiroteio em Tucson, é uma defensora da posse de armas como uma "tradição do Arizona" e rejeitou, em várias ocasiões, limitar a Segunda Emenda, que protege este direito.

"Como proprietária de armas há muito tempo, acho que o direito de guardar e portar armas não deveria depender da cidade na qual se vive", disse Gabrielle em 2008, ao explicar seu voto contra uma lei para proibir a posse de armas em Washington DC.

O massacre de Tucson ressalta não só a facilidade do acesso às armas por parte dos cidadãos dos Estados Unidos, mas também a falta de exigência das autoridades de históricos mentais dos compradores.

O tiroteio reabriu mais uma vez a polêmica, após ser divulgado o histórico clínico de Jared Lee Loughner, o jovem de 22 anos que no sábado passado invadiu um ato da deputada democrata e abriu fogo contra os presentes.

O tiroteio tirou a vida de seis pessoas e feriu outras 14, entre elas Gabrielle, que está hospitalizada em estado crítico, mas estável, depois que uma bala perfurou seu crânio.

Loughner tinha sido expulso, no início de 2010, da Universidade de Pima County por supostos problemas mentais e para ser readmitido foi exigido um relatório médico que garantisse que sua presença não significava perigo para ele ou para seus companheiros.

No entanto, esse mesmo documento não foi pedido quando Loughner comprou, no ano passado, um revólver semiautomático Glock 9 milímetros em uma loja nos arredores de Tucson, onde morava.

Previamente, Loughner tinha tentado se alistar no Exército dos EUA, mas sua solicitação foi negada por dar positivo em um exame de drogas.

Nos EUA, qualquer cidadão pode comprar uma arma, exceto se for demonstrado que pode significar perigo para si mesmo ou para os outros, segundo a Lei Federal de 1968.

Em 1993, foi introduzida uma emenda à lei, conhecida como lei James Brady, secretário de imprensa baleado durante uma tentativa de assassinato do então presidente Ronald Reagan, em 1981, que inclui um requisito de avaliar o passado clínico do comprador.

No entanto, na prática, as autoridades dos EUA não são obrigadas a entregar este tipo de informação e só 22 dos 50 estados o fazem voluntariamente, por isso em muitas ocasiões estes relatórios passam despercebidos.

Após o massacre de 2007 na Universidade de Virgínia Tech, onde um jovem de 23 anos com um histórico de problemas mentais matou 32 pessoas e feriu outras 25 antes de se suicidar, o Governo dos EUA tentou novamente motivar os estados para que entregassem os relatórios às autoridades federais.

Segundo dados do Sistema Nacional Instantâneo para a Revisão de Antecedentes Criminais (NICS, na sigla em inglês), o Arizona enviou 4.465 históricos entre 2008 e outubro de 2010 frente aos cerca de 121,7 mil que deveriam ter sido entregues.

Vários políticos como Rand Paul, senador republicano por Kentucky, já disseram que não acreditam que o ocorrido em Tucson possa modificar a legislação federal sobre posse de armas.

"As armas não matam gente; é o indivíduo quem mata essas pessoas", indicou Paul, que vinculou o sucedido em Tucson a um "indivíduo muito doente".

A Segunda Emenda da Constituição consagra o direito dos americanos à posse de armas e a Corte Suprema sempre sentenciou a favor deste direito contra as tentativas de alguns estados e cidades para limitá-lo.

Trata-se de um debate que tanto democratas como republicanos evitam travar, já que é um dos temas que mais divide a sociedade e o âmbito jurídico nos Estados Unidos.

Além disso, os dois principais partidos políticos recebem muitas contribuições econômicas por parte da poderosa Associação Nacional de Espingardas (NRA), um dos principais lobbys a favor da posse de armas nos EUA.

Segundo estatísticas oficiais, calcula-se que 90 milhões de americanos têm cerca de 200 milhões de armas.

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