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Gabinete de Israel fica dividido sobre trégua com Hamas

Gabinete para assuntos de segurança do governo de Israel está dividido sobre se deve ou não aceitar uma trégua com o movimento islamita


	Militantes de grupo ligado ao Hamas: acordo não contemplaria nada de bom a Israel
 (Said Khatib/AFP)

Militantes de grupo ligado ao Hamas: acordo não contemplaria nada de bom a Israel (Said Khatib/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2014 às 09h54.

Jerusalém - O gabinete para assuntos de segurança do governo de Israel está dividido sobre se deve ou não aceitar uma trégua com o movimento islamita Hamas, porque, segundo a imprensa local, o acordo não contemplará o desarmamento das milícias palestinas.

A divisão coincide com o terceiro e último dia de um cessar-fogo de 72 horas que as partes acertaram com a ajuda do Egito para conseguir uma solução negociada, que deveria ser anunciada hoje mesmo no Cairo.

Uma fonte governamental israelense citada pelo jornal "Yedioth Ahronoth" afirmou que "o acordo não contempla nada de bom para Israel" e a situação ficará mais ou menos como estava do ponto de vista de segurança.

A exigência de se desarmar as milícias foi apresentada por Israel como contrapartida da retirada progressiva do bloqueio à Faixa de Gaza, imposto em 2006 e amenizado em 2010 após as críticas internacionais ao ataque à pequena Flotilha da Liberdade.

Segundo o jornal, pelo menos três ministros votarão contra o acordo: os das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman; de Segurança Interior, Itzhak Aharonovich, e de Economia, Naftali Bennett.

Trata-se da ala dura do governo de Netanyahu, que exige a destruição pela força do regime do Hamas se o desarmamento não for aceito.

Outros quatro ministros, entre eles Netanyahu e o de Defesa, Moshe Yaalon, mostram-se a favor do acordo, por isso será crucial o voto do oitavo e último membro do gabinete: o ministro do Meio Ambiente, Gilad Erdan.

Conhecido membro da ala mais conservadora do Likud, Erdan não sabe se segue suas crenças políticas ou acata as "ordens" de Netanyahu, o líder de seu partido, para votar a favor do acordo.

O primeiro-ministro realizou ontem uma rodada de consultas individuais com todos eles para explicar as condições do acordo em construção, que deixará a situação mais ou menos como antes de 8 de julho, quando Israel lançou a ofensiva Limite Protetor, que deixou cerca de dois mil palestinos e 67 israelenses mortos.

Fontes palestinas disseram ontem que foi alcançado "a metade das demandas" e que o Egito, que também tem fronteira com Gaza, aceitou parte das exigências sobre o bloqueio.

Por sua parte, Israel se nega a levantá-lo enquanto não se produza o desarmamento, embora aliviaria o embargo com algumas medidas de caráter econômico e humanitário, segundo a imprensa.

Entre elas está a ampliação para 12 milhas do limite de pesca, a autorização para que cinco palestinos entrem em Israel para trabalhar, a autorização para o pagamento de cerca de 40 mil funcionários do governo do Hamas com doações do Catar e promessas de que o bloqueio será amenizado de forma progressiva.

Outra disputa não resolvida é a devolução dos corpos de dois soldados israelenses mortos no mês passado em Gaza e em poder da milícia do Hamas, que exige separar essa negociação das conversas sobre a trégua e o bloqueio.

Se as partes não chegarem a um acordo, a região poderia entrar novamente em uma escalada de violência a partir de meia-noite, a não ser que o Egito consiga arrancar uma nova trégua de 72 horas.

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