O presidente e a primeira-dama dos EUA, Joe e Jill Biden, chegaram em Roma na madrugada desta sexta-feira, 29 (Brendan Smialowski/AFP)
AFP
Publicado em 29 de outubro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 29 de outubro de 2021 às 22h14.
Os líderes das 20 maiores economias do mundo se reúnem no fim de semana em Roma para o primeiro encontro de cúpula presencial do G20 desde o início da pandemia, com uma agenda lotada que inclui a covid-19, recuperação econômica e mudança climática.
O presidente Joe Biden pretende enfatizar a mensagem de que os "Estados Unidos voltaram", após quatro anos de polêmicas diplomáticas com Donald Trump.
A ausência dos presidentes russo, Vladimir Putin, e chinês, Xi Jinping, que participarão por vídeo, reduz as expectativas da reunião, um fórum entre aliados e rivais de diferentes dimensões e poder.
Hoje, o G20 é composto por África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.
Os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e do Brasil, Jair Bolsonaro, confirmaram a presença.
No caso da Argentina, o evento é particularmente importante para a reestruturação de sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Fernández terá uma reunião com a diretora-gerente do organismo, Kristalina Georgieva.
Os países do G20 representam quase 90% do Produto Interno Bruto (PIB) global, dois terços da população mundial e 80% do comércio internacional.
O foco central da reunião em Roma será a mudança climática. O encontro acontece na véspera do início da crucial conferência COP26, que começará na segunda-feira (1º) em Glasgow, Escócia, e que pretende adotar decisões históricas para deter o aumento da temperatura do planeta.
Para Antony Froggatt, pesquisador do "think tank" Chatham House, se o G20 não se comprometer a limitar o aumento da temperatura do planeta a até +1,5°C e a alcançar a neutralidade de emissões de carbono até 2050, "não restará qualquer esperança" de cumprimento do Acordo de Paris de 2015 para a redução do efeito estufa.
Os países do G20 são responsáveis por 80% das emissões de gases do efeito estufa em nível global, e vários deles resistem a reduzir suas emissões.
A China estabeleceu como meta a neutralidade de carbono até 2060, mas a Índia, que insiste em sua condição de país em desenvolvimento e terá a presença do primeiro-ministro Narendra Modi em Roma, não assumiu um compromisso preciso.
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, considera que a reunião "marca o retorno do multilateralismo, depois dos anos obscuros do isolacionismo e do confinamento ligado à crise sanitária".
"Vamos discutir os desafios mais complexos do nosso tempo com o objetivo de encontrar soluções ambiciosas e compartilhadas", resumiu.
Os líderes devem assinar um acordo para a adoção de um imposto mínimo de 15% às multinacionais, além de discutir sobre a recuperação pós-pandemia e seus riscos, incluindo a distribuição desigual das vacinas contra a covid-19.
Apesar da ausência de expectativas quanto a novos compromissos sobre as vacinas anticovid-19, a Itália luta para conceder mais ajuda aos países de baixa renda com a distribuição dos fármacos.
"A solidariedade global para enfrentar esta pandemia é muito pequena", afirma Emma Ross, pesquisadora da Chatham House. "O G7 não esteve à altura das circunstâncias, então, todos os olhares estão voltados para o G20", completou.
Muitos líderes chegarão a Roma na sexta-feira (29) para encontros bilaterais e audiências com o papa Francisco. Católico praticante, o presidente americano, Joe Biden, será recebido pelo pontífice, assim como o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, e o primeiro-ministro da Índia - este último, no sábado (30).
Com um bairro declarado "zona vermelha" de segurança máxima e uma imponente mobilização de forças de segurança, Roma estará blindada.
Quase 500 soldados foram mobilizados para a reunião do G20, que acontecerá em um bairro periférico ultramoderno, o chamado EUR, imaginado pelo ditador Benito Mussolini como "capital do império".
Em paralelo, foram convocadas passeatas de trabalhadores. As autoridades anunciaram que franco-atiradores estarão posicionados em áreas sensíveis e instalaram controles sanitários pelo coronavírus.