Cúpula do G20: a reunião das 20 maiores economias do mundo foi realizada neste ano por vídeoconferência; o presidente Donald Trump participou do início, mas saiu para jogar golfe (AFP/AFP Photo)
AFP
Publicado em 22 de novembro de 2020 às 11h52.
Os líderes do G20 prometeram neste domingo (22) "não poupar esforços" para garantir um acesso igualitário às vacinas contra a covid-19, segundo um rascunho da declaração final da cúpula, em tom consensual mas com poucas medidas concretas. "Não pouparemos esforços para garantir seu fornecimento acessível e igualitário para todos", diz o texto consultado pela AFP.
A cúpula das 20 maiores economias do mundo é realizada neste ano por vídeoconferência sob a presidência da Arábia Saudita, país muito criticado pelas organizações de defesa dos direitos humanos. A reunião de dois dias começou no sábado com vários encontros à distância, na presença do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, no entanto, foi embora pouco depois do início da reunião para jogar golfe. A cúpula deve terminar neste domingo com a publicação da declaração final.
À medida em que a pandemia avança no planeta, com mais de 57 milhões de casos e 1,3 milhão de mortos, os presidentes e chefes de governo optaram pelo consenso no combate ao vírus."Apoiamos plenamente todos os esforços de colaboração", diz a declaração final, em referência aos dispositivos de combate ao vírus coordenados pela Organização Mundial da Saúde.Também se comprometem a "abordar as necessidades financeiras globais restantes". "Embora a competição seja inevitável , devemos nos guiar principalmente pelo aspecto humanitário", disse no sábado o presidente russo Vladimir Putin.
"Compromisso" com a dívida
As grandes empresas farmacêuticas competem para que a vacina esteja disponível o quanto antes, como a aliança entre Pfizer (EUA) e BionTech (Alemanha) ou a empresa americana Moderna. Também há ambiciosos projetos de vacina na China e Rússia.
No entanto, em sua declaração, o G20 não menciona a quantidade de 28 bilhões de dólares, incluindo 4,2 bilhões de emergência, exigidos pelas organizações internacionais para combater a pandemia. O G20 também irá tratar a dívida dos países pobres, que disparou como resultado da crise econômica provocada pela pandemia.
Os líderes do G20 dizem estar "comprometidos para implementar" a chamada Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI), "incluindo sua prorrogação até junho de 2021", diz o texto. 29 dos países mais favorecidos do mundo estão utilizando este mecanismo para permitir aos países pobres endividados com eles suspender o pagamento dos juros de suas dívidas até junho de 2021.
Mas, enquanto as Nações Unidas esperavam que este prazo fosse prorrogado até o final de 2021, o G20 deixa nas mãos de seus ministros das Finanças a "análise" desta questão para o ano que vem. Neste sentido, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, cujo país negocia com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a questão da dívida, afirmou no sábado em seu discurso no G20 que o país fez "um enorme esforço fiscal" e pediu "a ação do mundo e dos organismos internacionais de crédito".
O rascunho da declaração final usa um tom mais consensual do que nas últimas cúpulas do G20, marcadas pelo conflito pelo clima e pelo comércio, muitas vezes pela relutância de Donald Trump. Em relação ao meio ambiente, as principais potências reconhecem que o combate à mudança climática "está entre os desafios mais urgentes de nosso tempo".
E no que diz respeito ao comércio, após anos de confrontos entre o governo americano de Trump e a China, mas também com seus sócios europeus, o texto afirma desta vez que "apoiar o sistema multilateral de comércio é agora mais importante do que nunca".