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G20 coloca crescimento na frente de austeridade

Os ministros das finanças e presidentes de bancos centrais reunidos em Moscou neste sábado deram os ajustes finais em um comunicado conjunto

"Os colegas (do G20) não tomaram a decisão de assumir a responsabilidade de reduzir o déficit e as dividas até 2016," disse o ministro das finanças russo Anton Siluanov (Reuters)

"Os colegas (do G20) não tomaram a decisão de assumir a responsabilidade de reduzir o déficit e as dividas até 2016," disse o ministro das finanças russo Anton Siluanov (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de julho de 2013 às 11h51.

MOSCOU - O G20 colocou o crescimento na frente da austeridade fiscal, buscando reequilibrar a economia global e comprometendo-se a mudar a política monetária de maneira cuidadosa para que a recuperação não seja arruinada pela volatilidade dos mercados financeiros.

Os ministros das finanças e presidentes de bancos centrais reunidos em Moscou neste sábado deram os ajustes finais em um comunicado conjunto, que representantes disseram ter mudado pouco depois que eles se reuniram para jantar na sexta-feira.

Indícios de que o Fed, o banco central dos EUA, ia reduzir seu estímulo monetário dominaram o debate, com as economias emergentes mais preocupadas com as consequências de uma onda de vendas de ações e títulos e uma corrida para o dólar.

Os anfitriões russos disseram que os legisladores do G20 tinham sido moderados nas suas metas para a redução das dívidas dos governos, priorizando um foco no crescimento e em uma saída para retirar estímulos monetários com um mínimo de turbulência.

"Os colegas (do G20) não tomaram a decisão de assumir a responsabilidade de reduzir o déficit e as dividas até 2016," disse o ministro das finanças russo Anton Siluanov à Reuters. "Algumas pessoas pensam que é preciso garantir o crescimento econômico primeiro." Enquanto a recuperação dos EUA está ganhando força, o motor das exportações da China está falhando, a aposta do Japão para sair da deflação não atingiu a velocidade desejada, e a demanda na Zona do Euro está muito fraca para sustentar uma recuperação na geração de empregos.

"Nós não estamos vendo qualquer retomada do crescimento na Europa ainda, e no Japão, continuamos com os dedos cruzados", disse o ministro das finanças da Índia, Chidambaram Palaniappan.

"O melhor cenário possível atualmente seria que a economia dos países mais desenvolvidos conseguisse dar início ao crescimento. Eles precisam ter em mente o impacto de suas ações sobre as grandes economias emergentes", afirmou.

Um rascunho da proposta final obtida pela Reuters diz que um plano de ação para impulsionar o crescimento e a oferta de empregos, ao mesmo tempo em que reequilibra a demanda global e a dívida, seria preparado para a cúpula de líderes do G20, que terá o presidente Vladimir Putin como anfitrião, em setembro.


"Continuamos atentos aos riscos e efeitos colaterais negativos inesperados causados por longos períodos de afrouxamento monetário", diz a proposta.

"Mudanças futuras na definição das políticas monetárias continuarão a ser cuidadosamente calibradas e claramente comunicadas", acrescenta.

Em troca da sua promessa de "comunicar" as intenções da sua política monetária de forma clara, Washington conseguiu garantir que o texto não tivesse metas fiscais obrigatórias, dizendo que a consolidação deve ser "calibrada" de acordo com as condições econômicas.

Fontes presentes à reunião disseram que a Alemanha foi menos assertiva que anteriormente na busca de metas obrigatórias para reduzir o endividamento, seguindo um acordo firmado em Toronto, em 2010, com a melhoria da economia dos EUA aumentando a força do apelo de Washington para o foco no crescimento.

Com as taxas de desemprego entre os jovens se aproximando dos 60 por cento na Grécia e Espanha, países em dificuldades da Zona do Euro, o debate de crescimento frente à austeridade mudou --o que foi refletido no fato de que os ministros de finanças e do trabalho do G20 tiveram uma sessão conjunta na sexta-feira.

A crise na periferia da Zona do Euro tem sido agravada pela fuga de capital, e o comunicado prometeu se movimentar "decisivamente" na direção da criação de uma união bancária na Europa que poderia reviver os empréstimos entre fronteiras.

Ao contrário de reuniões do G20 anteriores, discussões sobre taxas de câmbio e a ameaça de desvalorizações competitivas praticamente não existiram, disseram os representantes.

CUIDADOS O anúncio de Ben Bernanke feito há dois meses de que o Fed poderia começar a reduzir a compra mensal de 85 bilhões de dólares em títulos todo mês gerou uma venda apavorada de títulos, especialmente nos mercados emergentes.

Os investidores se acalmaram graças a um depoimento feito esta semana no Congresso por Bernanke, que não está em Moscou, embora ele tenha dito que a estratégia de saída para a impressão de dinheiro continue valendo.

Os efeitos indiretos da retirada das políticas de estímulo monetário dos países desenvolvidos, especialmente dos EUA, sobre os emergentes dominaram as discussões do fim de semana, disse Siluanov.

"Não houve briga, mas houve discussão", ele afirmou.

O G20 representa 90 por cento da economia mundial e dois terços de sua população --com muitos vivendo nas grandes economias emergentes, que correm maior risco de uma reversão nos fluxos de entrada de capital, que tem sido um dos efeitos colaterais do estímulo do Fed.

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