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Futuro premiê indiano adota discurso conciliador

O nacionalista hindu Narendra Modi comemorou vitória nas eleições indianas, e prometeu realizar os sonhos do povo


	Narendra Modi: Modi afirmou que vai trabalhar para todos os indianos
 (Indranil Mukherjee/AFP)

Narendra Modi: Modi afirmou que vai trabalhar para todos os indianos (Indranil Mukherjee/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2014 às 19h06.

Nova Deli - O nacionalista hindu , futuro primeiro-ministro da Índia, comemorou nesta sexta-feira a vitória esmagadora de seu partido nas eleições legislativas, prometendo "realizar os sonhos" do povo indiano.

Os resultados provisórios divulgados no início da noite dão a maioria absoluta no parlamento para o partido nacionalista hindu Bharatiya Janata Party (BJP) de Modi, um feito para um partido sem alianças.

Modi, filho de um vendedor de chá de 63 anos com um passado controverso, afirmou que vai trabalhar para todos os indianos, em um primeiro discurso aos seus partidários reunidos na sua base eleitoral de Gujarat (oeste).

"O povo deu seu veredito e nos disse que é necessário fazer a Índia avançar para realizar os sonhos de 1,2 bilhão de indianos", declarou.

"Não há inimigos em uma democracia, há apenas uma oposição. Vou levar o seu amor e transformá-lo em progresso", acrescentou.

Os resultados provisórios superam todas as expectativas. Em todo o país, há festas desde a manhã nos escritórios do BJP, com doces e biscoitos.

O vencedor das legislativas também aceitou o convite do primeiro-ministro britânico, David Cameron, para visitar o Reino Unido, onde o líder nacionalista hindu foi por muito tempo persona non grata.

Este triunfo do BJP reformula o cenário político indiano, transformando o partido nacionalista hindu em potência política nacional e reduzindo consideravelmente a influência do Partido do Congresso, da dinastia Nehru-Gandhi, em uma difícil derrota para uma formação habituada com o poder.

"Este é o alvorecer de uma nova era. A flor de lótus floresceu em toda a Índia", declarou o presidente do BJP, Rajnath Singh, referindo-se ao símbolo do partido.

São grandes as expectativas em meio à população indiana, que aposta no novo homem forte da Índia para que reproduza os avanços econômicos conquistados em seu estado de Gujarat, que ele governa desde 2001.

Modi monopolizou as atenções durante toda a campanha eleitoral, prometendo liderar um governo forte, capaz de fortalecer a economia indiana, apagando seu passado de polêmico líder nacionalista hindu.


O líder do BJP é visto com desconfiança pela minoria muçulmana desde o massacre de Gujarat, em 2002.

Mais de mil pessoas foram mortas em episódios de violência, principalmente muçulmanos. Modi foi acusado de estimular a perseguição aos muçulmanos.

Em contrapartida, o Partido do Congresso, perdeu força ao longo dos dez anos no poder, marcados por escândalos de corrupção, de desaquecimento econômico e inflação.

"Vitória e derrota fazem parte da democracia. (...) Eu assumo a responsabilidade pela derrota", declarou à imprensa Sonia Gandhi, presidente do partido.

O primeiro-ministro Manmohan Singh, que havia dito em janeiro que Modi seria um "desastre para o país", telefonou para seu provável sucessor para parabenizá-lo.

Economia, um grande desafio

O mercado de ações indiano fechou em leve alta depois de um aumento de 5% no início da semana.

Os investidores estão otimistas sobre a capacidade de Modi acabar com as dificuldades econômicas, melhorando a infraestrutura e reduzindo a inflação galopante.

"Ele tem diante de si um grande desafio que levará tempo, porque os problemas econômicos são muito agudos. Não há varinha mágica", considera D.K. Joshi, economista da agência de classificação Crisil.

Os principais empresários do país apoiam o líder do BJP em razão do ambiente positivo encontrado pelas empresas no estado de Gujarat, enquanto sua ascensão social convenceu parte da população de que poderia representar um governo forte e eficaz.

Além dos nacionalistas hindus, Modi também recebeu o apoio de parte dos mais pobres, que tradicionalmente votavam no Partido do Congresso por seus programas sociais.

"Modi chegou no momento certo, em que a população foi vencida pelo abatimento", estima Mohan Guruswamy, do Center for Policy Alternatives.

A clara derrota agitou o Congresso e levantou a questão da capacidade da família Gandhi de liderar o país.

Rahul Gandhi, de 43 anos, - filho de Rajiv Gandhi e neto de Indira Ganghi, dois ex-primeiros-ministros assassinados quando estavam no cargo - realizou uma campanha considerada fraca pelos analistas.

Mas a vitória do partido nacionalista hindu gera temores de uma época difícil entre Índia e Paquistão, devido ao papel do governo regional de Modi durante o confronto étnico de 2002 em Gujarat.

Para os analistas, o novo chefe de Governo será avaliado, principalmente, por sua atuação na área econômica.

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