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Furor em Berlim por espionagem destoa com silêncio nos EUA

A descoberta de dois supostos espiões pagos por Washington é o auge de meses de tensão diplomática entre Alemanha e Estados Unidos


	Obama: até agora, governo americano evitou dar respostas sobre crise diplomática
 (Mandel Ngan/AFP)

Obama: até agora, governo americano evitou dar respostas sobre crise diplomática (Mandel Ngan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2014 às 20h19.

Washington - O governo alemão manifestou sua indignação com a espionagem americana expulsando o chefe dos serviços secretos dos Estados Unidos em seu território, um fato sem precedentes, enquanto Washington mantém silêncio e alguns legisladores estão preocupados com as repercussões da crise.

A descoberta de dois supostos espiões pagos por Washington é o auge de meses de tensão diplomática entre Alemanha e Estados Unidos devido aos métodos de espionagem do governo americano, que, de acordo com as revelações do ex-consultor dos serviços de inteligência dos EUA Edward Snowden, incluíram a interceptação das comunicações da chanceler Angela Merkel.

Até agora, o governo Obama evitou dar respostas e tem se concentrado em destacar a importância das relações bilaterais com a Alemanha.

"Qualquer comentário sobre os supostos atos de espionagem deixaria em perigo os agentes americanos, os altos funcionários americanos e a segurança nacional americana", declarou o porta-voz Josh Earnest, do Texas, onde acompanha o presidente Barack Obama em uma viagem.

No Congresso, focado na crise migratória na fronteira com o México e no orçamento de 2015, a crise diplomática com a Alemanha ficou em segundo plano e o caso sequer foi mencionado na entrevista coletiva à imprensa semanal do presidente da Câmara dos Representantes.

No entanto, os legisladores encarregados das relações exteriores estão cada vez mais preocupados com a rápida deterioração das relações com o aliado estratégico.

"Estou profundamente preocupada", disse à imprensa a influente Dianne Feinstein, presidente da Comissão de Espionagem do Senado.

"É evidente que a situação está saindo do nosso controle", disse à AFP Jim Risch, um dos 15 membros da Comissão de Espionagem do Senado e um dos legisladores mais próximos da CIA.

O silêncio de Obama

A Casa Branca não comenta os assuntos relacionados a espionagem. Depois das revelações de Edward Snowden em 2013 sobre os programas de escutas da Agência Nacional de Segurança (NSA), os serviços secretos levaram meses para fornecer informações sobre suas atividades, a pedido de Barack Obama e depois de intensas pressões da imprensa e da opinião pública.

Em outubro, depois de a revista alemã Der Sipegel ter revelado que a NSA havia grampeado o telefone celular de Angela Merkel durante anos, a chanceler alemã ligou para Obama e, um mês depois, ambos se reuniram em Washington para abordar o assunto "em profundidade".

O senador democrata Tim Kane considera que, desta vez, Obama terá que tomar a iniciativa. "O presidente deveria abordar isto diretamente com Angela Merkel, é importante, é uma relação importante demais para deixarmos que se deteriore", disse o legislador à AFP.

O secretário de Estado John Kerry deve se reunir "nas próximas horas" com seu colega alemão, Frank-Walter Steinmeier, anunciou nesta quinta-feira a porta-voz do Departamento de Estado, Jennifer Psaki, sem dar detalhes sobre a agenda desse encontro.

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