Redação Exame
Publicado em 29 de outubro de 2025 às 07h12.
O furacão Melissa tocou o solo em Cuba nesta quarta-feira, 29, com ventos de até 195 km/h, após deixar um rastro de destruição na Jamaica como tempestade de categoria 5. Segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC), a tempestade é considerada “extremamente perigosa” e ameaça intensificar os danos em um país que enfrenta crise energética e infraestrutura frágil.
Ao menos 10 mortes já foram registradas nos países afetados: três na Jamaica, três no Haiti, três no Panamá e uma na República Dominicana. Na Jamaica, a tempestade foi a mais forte já registrada desde o início dos monitoramentos meteorológicos, com ventos de até 295 km/h.
Santiago de Cuba, segunda maior cidade do país, está entre as áreas mais atingidas. Em Chivirico, na mesma província, o ciclone chegou ao território cubano às 4h10 (horário de Brasília). Antes da chegada do furacão, mais de 735 mil pessoas foram evacuadas, segundo o presidente Miguel Díaz-Canel.
Em localidades como El Cobre, agentes da Defesa Civil tentavam resgatar 17 pessoas isoladas após a cheia de um rio e um deslizamento de terra, conforme o jornal estatal Granma. A Marinha dos Estados Unidos também evacuou centenas de pessoas da base militar de Guantánamo.
A previsão é de chuvas intensas, com acumulados que podem chegar a até 63 centímetros em regiões montanhosas, além de ressacas com risco de vida na costa sudeste da ilha. Granma, Holguín e Guantánamo ficaram sem energia já na terça-feira, informou a companhia estatal Unión Eléctrica.
Na Jamaica, o furacão Melissa foi classificado como tempestade do século por autoridades e especialistas. O primeiro-ministro Andrew Holness declarou a ilha como zona de desastre e alertou para riscos contínuos de inundações e deslizamentos de terra.
"Não acredito que haja infraestrutura nesta região que possa resistir a um furacão de categoria 5", afirmou Holness na segunda-feira. A tempestade levou horas para atravessar a ilha, agravando os danos, e só foi rebaixada para categoria 3 após esse impacto.
Zonas rurais foram as mais afetadas. Moradores relataram casas inundadas, telhados arrancados e estruturas externas destruídas. Autoridades também alertaram para o perigo representado por crocodilos deslocados pelas enchentes.
A ONU anunciou o envio emergencial de 2.000 kits de ajuda humanitária a partir de Barbados. Já no Haiti, escolas e comércios foram fechados como medida preventiva.
Meteorologistas apontam que a mudança climática contribui para o aumento da frequência e intensidade de furacões como Melissa. “A água mata muito mais do que o vento”, destacou o pesquisador Kerry Emanuel, ao explicar o impacto das chuvas extremas provocadas por esses eventos.
Na comparação com eventos anteriores, Melissa superou a potência de furacões históricos, como o Katrina, que devastou Nova Orleans em 2005.
*Com informações de AFP e O Globo