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Furacão Dorian: população da Flórida se prepara após alerta de emergência

Especialistas preveem que a furacão Dorian, categoria 4, ficará mais feroz à medida que ela se aproximar do litoral da Flórida

Furacão Dorian: a Flórida deve ser atingida no início da próxima semana (NOAA Satellites/Creative Commons)

Furacão Dorian: a Flórida deve ser atingida no início da próxima semana (NOAA Satellites/Creative Commons)

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Reuters

Publicado em 30 de agosto de 2019 às 10h33.

Última atualização em 30 de agosto de 2019 às 21h44.

Miami — O furacão Dorian deve ganhar força a partir das águas quentes do litoral da Flórida, tornando-se uma perigosa tempestade de categoria 4 nos próximos dias antes de se abater sobre o Estado norte-americano no início da semana que vem, mostraram previsões nesta sexta-feira.

O Centro Nacional de Furacões (NHC), sediado em Miami, emitiu um alerta de furacão para o noroeste das Bahamas nesta sexta-feira e disse que o risco de "ventos devastadores com a força de um furacão ao longo da costa leste no final deste final de semana e no início da próxima semana continua a aumentar".

A tempestade começou nesta sexta-feira no Atlântico na categoria 2, mas já se espera que chegue à categoria 3 até o final do dia, com ventos contínuos de ao menos 178 km/h.

Todo o Estado da Flórida está sob declaração de emergência, e o governador Ron DeSantis ativou 2.500 soldados da Guarda Nacional. Outros 1.500 estão de prontidão.

Meteorologistas preveem que a tempestade ficará mais feroz à medida que frear seu avanço pelas águas quentes próximas do litoral, chegando à terra firme na noite de segunda-feira ou na manhã de terça-feira. Ventos de tempestade tropical podem ser sentidos na Flórida já na noite de sábado.

Nenhuma ordem de retirada havia sido emitida na manhã desta sexta-feira, mas muitas são esperadas quando a rota da tempestade se tornar mais clara antes de sua chegada ao continente.

 

Se, como esperado, ela chegar à categoria 4 até domingo, seus ventos soprarão a mais de 208 km/h. Sua marcha a 9 km/h pelo mapa pode diminuir para cerca de 6 km/h — quanto mais devagar ela se move, mais tempo tem para extrair energia dos mares quentes.

Modelos meteorológicos recentes do NHC a mostram atingindo o centro do Estado. Segundo o último aviso, emitido às 5h desta sexta-feira, sua tendência era se inclinar ligeiramente para o sul.

Ela pode seguir terra adentro rumo a Orlando na terça-feira ou na manhã de quarta-feira, enfraquecendo à medida que se distancia do mar. Outros modelos meteorológicos do NHC a mostram seguindo para o sul, na direção de Miami, antes de atingir a península, ou seguindo para o norte no rumo do litoral da Geórgia.

"Agora ela está parecendo um verdadeiro monstro", disse o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um vídeo publicado no Twitter, acrescentando que alimento e água estão sendo enviados à Flórida.

População se prepara para tempestade

"É como um deserto", queixou-se um cubano, cujo nome não quis dizer, ao deixar uma loja à qual havia ido em Miami para comprar água engarrafada, que assim como gasolina e sacos de areia se tornou um produto de primeira necessidade para os moradores da cidade encararem a passagem do furacão Dorian.

O dia estava raiando, e dezenas de pessoas faziam fila em frente a uma popular rede de supermercados do estado da Flórida (EUA) em meio à promessa de que, quando a loja abrisse, haveria um novo estoque de água mineral - ontem, já não era possível encontrar garrafas em grandes ou pequenos estabelecimentos de Miami e de boa parte das regiões pelas quais se espera Dorian passe a partir de segunda-feira.

Foi como em uma típica "black friday". O novo estoque rapidamente se esgotou. Pouco depois das 7h, alguém entrou no supermercado e perguntou: "ainda tem água?".

A resposta veio do cubano, que saiu da loja mal-humorado. "Não durou nem dez minutos. Mesmo com toda a chuva destes dias, Miami parece um deserto. Não se consegue encontrar água", lamentou.

A reclamação se espalhou pela cidade, o que levou o prefeito do condado de Miami-Dade, Carlos Giménez, a dizer no Twitter que os moradores não precisam comprar água mineral.

"A água de Miami-Dade que passa pelo encanamento é excelente", disse o político, que só recomendou que os moradores encham as "cisternas para ficarem preparados".

Dorian está previsto para chegar à Flórida a partir de segunda-feira com ventos de 140 milhas por hora (225 km/h), o que pode deixar toda a região sem luz durante alguns dias.

Muitos mercados e lojas de conveniência avisam que, devido ao "aumento da demanda", só vendem quantidades limitadas de água. Quem não consegue garrafas ou em quantidade insuficiente começa a olhar com outros olhos para outras bebidas, como isotônicos e refrigerantes, cujos estoques também estão acabando mais rápido do que o normal.

"Alguma coisa que se pareça com água está valendo", disse à Agência Efe a venezuelana María Rodríguez enquanto olhava as prateleiras e lamentava que as pessoas tenham entrado em "pânico".

Por fim, Rodríguez apostou em uma bebida sabor laranja e alguns vinhos. Questionada sobre se seriam bons substitutos para água, ela, bem-humorada, exclamou um "com certeza", enquanto levava, no carrinho, garrafas de vinho branco e rosé que estavam em promoção.

Alguns clientes, quando se depararam com prateleiras vazias, esboçaram um sorriso nervoso. Outros passaram de forma quase dissimulada, como se não se interessassem. E ainda houve os que chegaram a dar meia-volta para conferir novamente que não tinha nada para levar.

"Fui a quatro supermercados, e nada", lamentou Rodríguez enquanto ia ao caixa para pagar.

Enquanto isso, uma mulher perguntava a uma funcionária quando chegaria mais água. A resposta foi curta: "É imprevisível".

Em um país onde se consome muito leite fresco, que estraga rápido se não for guardado na geladeira, a ameaça de falta de luz devido à passagem do furacão também faz esgotarem rapidamente latas de leite em pó e outros derivados, sem contar os leites de coco, arroz, amêndoa e soja, por exemplo. Produtos lácteos, biscoitos, cereais, pães de forma e outros produtos típicos de café da manhã também vão desaparecendo das prateleiras.

E não é só nos supermercados onde se vê filas. Quem tenta abastecer os carros nos postos de combustível tem encontrado a mesma dificuldade, assim como os que vão às lojas de bricolagem para comprar itens de proteção para portas e janelas, como sacos de areia e tábuas de madeira.

"Comprei metais, madeiras, parafusos, gasolina, baterias, um monte de lanternas. E tenho muita água em casa, graças a Deus", disse Stacey Pascual, uma das clientes de uma rede de materiais de construção.

(Com apuração da EFE, AFP e Reuters)

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