Galpão de pesca destruído após a passagem do Dorian por Halifax, no Canadá: furacão deixou mais de 500.000 casas sem luz na costa (John Morris/Reuters)
AFP
Publicado em 8 de setembro de 2019 às 15h08.
Quase uma semana depois de devastar as Bahamas, onde deixou pelo menos 43 mortos, o agora ciclone Dorian causou "estragos" no Canadá, com ventos violentos e inundações nas zonas costeiras.
Não há informações de vítimas fatais, ou de feridos em estado grave, de acordo com a rede canadense CTV.
Dorian entrou no sábado (7) no Canadá, na altura de Halifax, depois de ter sido degradado pelo Centro Canadense de Furacões para "ciclone pós-tropical muito intenso", com ventos de 140 km/h.
Neste domingo, por volta das 9h GMT (6h em Brasília), os ventos chegavam a até 130 km/h, e o Dorian seguia na direção do mar.
De acordo com as autoridades, mais de 500.000 casas estavam sem luz ao longo da costa nas províncias de Nova Escócia, Nova Brunswick e Ilha do Príncipe Eduardo.
Milhares de quilômetros ao norte, Dorian "causava estragos" na costa canadense, afirmou o Centro Nacional de Furacões americano (NHC, na sigla em inglês).
Uma grua de construção foi derrubada em Halifax, e o Centro Canadense de Furacões relatou "inúmeros informes" de árvores derrubadas, fortes chuvas e inundações ao longo do litoral.
O premiê canadense, Justin Trudeau, disse que seu governo está "pronto para ajudar o Canadá atlântico frente a essa tormenta".
O ministro da Segurança Pública, Ralph Goodale, anunciou o envio de 700 soldados para a região para colaborarem na recuperação do serviço de energia elétrica e na retirada de moradores em áreas inundadas.
Enquanto o Canadá enfrentava a tempestade, nas Bahamas, a população tentava deixar as ilhas mais afetadas pela intensidade do furacão na categoria máxima (5). As autoridades locais acreditam que o número de óbitos possa aumentar "significativamente", já que há "muitos desaparecidos".
Aviões, helicópteros e barcos - privados e do governo - se mobilizaram para as ilhas Ábaco, terrivelmente atingidas, para ajudar na evacuações dos moradores. Eles serão levados para a capital, Nassau, ou para os Estados Unidos.
As instalações do pequeno aeroporto de Marsh Harbour, em Ábaco, sofreram a ira dos ventos de até 250 km/h do Dorian. Vários hangares foram derrubados. A pista de pouso continua utilizável, e centenas de pessoas conseguiram embarcar rumo a Nassau.
"Faz quase uma semana que aconteceu, e a gente não tem comida, nem água. Continua cheio de cadáveres por aqui. Não é seguro para a saúde ficar", disse a jovem mãe de família Chamika Durosier. Ela ainda apresenta os ferimentos causados pela queda do telhado de sua casa sobre ela e a filha.
No porto comercial de Marsh Harbour, centenas de pessoas também esperam para conseguir ir embora.
"Não temos água, nem energia elétrica. Estamos morrendo, é uma catástrofe", desabafou Miralda Smith, uma haitiana que vai se reunir com o marido bahamense em Nassau.
Um dos cruzeiros que participavam das operações de evacuação, o da companhia Bahamas Paradise Cruise Line, chegou no sábado de manhã à costa na altura de Palm Beach, na Flórida, com mais de 1.500 moradores da ilha de Gran Bahama.
Segundo a ONU, pelo menos 70.000 pessoas precisam de "ajuda imediata" nas Bahamas. As ilhas mais castigadas pelo Dorian foram Ábaco e Gran Bahama.
A França anunciou o envio de dezenas de soldados para participarem dos trabalhos de ajuda, no âmbito de uma missão europeia. O presidente americano, Donald Trump, também prometeu ajuda dos EUA, cuja Guarda Costeira já está trabalhando nas Bahamas.