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Fundos da luta contra Aids devem ser melhor utilizados

Ex-presidente americano Bill Clinton acredita que a luta contra Aids deveria se apoiar diretamente nos planos nacionais de saúde

Bil Clinton: "devemos convencer os governos da África e de outras partes a investir em seu próprio sistema de saúde" (Samuel Kubani/AFP)

Bil Clinton: "devemos convencer os governos da África e de outras partes a investir em seu próprio sistema de saúde" (Samuel Kubani/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Viena - O ex-presidente americano Bill Clinton, cuja fundação participa da luta contra a Aids, defendeu nesta segunda-feira uma utilização mais eficaz dos fundos reunidos contra a doença nesses tempos de crise.

"Devemos diminuir o custo da ajuda", afirmou Clinton, em um discurso lido durante na 18ª Conferência Internacional sobre a Aids, que está sendo realizada em Viena.

"Em muitos países, muito dinheiro vai para muitas pessoas que assistem a muitas reuniões, que tomam muitos aviões para fazer muita assistência técnica", enfatizou o ex-presidente, assegurando que está pondo em ordem os programas em sua própria fundação.

"Cada dólar que desperdiçamos coloca muitas vidas em perigo", insistiu.

Clinton também falou da necessidade de uma mudança de estratégia no que diz respeito ao financiamento da luta contra a Aids. Ao invés de financiar instituições internacionais, ele aconselha a apoiar diretamente os planos nacionais de saúde cooperando com as coletividades e organizações locais.

"Também devemos convencer os governos da África e de outras partes a investir em seu próprio sistema de saúde", acrescentou.

Apesar dos planos de rigor, o ex-presidente dos Estados Unidos (1993-2000) Clinton pediu aos países ricos que reconstituam o Fundo Mundial contra a Aids, a Tuberculose e a Malária. Seu diretor, Michel Kazatchkine, disse no domingo que está muito preocupado com o nível da mobilização financeira internacional.

O Fundo Mundial, uma associação pública-privada com sede em Genebra, deseja arrecadar entre 13 e 20 bilhões de dólares este ano para o período 2011-2013 entre os doadores públicos e privados.


Clinton também defendeu o presidente Barack Obama, acusado por ativistas no domingo de voltar atrás em seus compromissos em favor da luta contra a Aids, afirmando que ele é "um homem que mantém suas promessas".

À tarde, o magnata filantropo Bill Gates, copresidente ao lado de sua mulher da fundação Bill e Melinda Gates, deverá abordar o tema, insistindo também em uma "optimização" dos fundos existentes.

Como Bill Clinton, ele deverá falar dos benefícios da circuncisão, que reduz em mais de 50% os riscos para os homens, e insistir na necessidade de economizar no custo de distribuição e na gestão dos tratamentos.

No domingo à noite, a conferência foi oficialmente aberta com a leitura de uma mensagem do secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon, que lamentou a restrição da ajuda concedida por alguns governos. "Devemos nos assegurar de que nossos ganhos recentes não sejam perdidos", disse.

Michel Kazatchkine, que fez uma viagem pelo mundo para mobilizar Estados, tomou café da manhã nesta segunda-feira com o ex-presidente Clinton. Este também insistiu na conferência sobre a necessidade de "aumentar o Fundo Mundial".

Kazatchkine também se reunirá com Bill Gates, cuja fundação fornece 100 milhões de dólares por ano há cinco anos ao Fundo Mundial. "Me reunirei com ele para estabelecer também como podem nos ajudar com os países doadores", indicou Kazatchkine à AFP.

Reconhecendo o impacto da crise, ele criticou em Viena a queda ou a limitação das ajudas internacionais, no momento em que os orçamentos se mantiveram em progressão nos últimos anos.

"No ano passado os países ricos não tiveram problema algum em encontrar bilhões para salvar os banqueiros ávidos de Wall Street", afirmou Julio Montaner, presidente da Sociedade Internacional para a Aids (IAS, em inglês) que organiza a conferência, durante a sessão inaugural.

A organização mundial da saúde deve divulgar nesta segunda-feira suas novas diretrizes sobre a administração dos tratamentos contra a Aids.

A Unicef alertou a opinião sobre a situação alarmante dos jovens e crianças soropositivos na Europa Oriental e na Ásia Central em um relatório divulgado nesta segunda-feira em Viena. Cerca de 80% das pessoas recentemente infectadas são jovens de menos de 30 anos.

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