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Fundadores de movimento pró-democracia em Hong Kong desistem

O anúncio aconteceu depois que centenas de manifestantes pró-democracia enfrentaram a polícia no domingo, o que deixou dezenas de feridos

Benny Tai (centro): "Render-se não é fracassar, e sim uma denúncia silenciosa de um governo sem coração" (AFP)

Benny Tai (centro): "Render-se não é fracassar, e sim uma denúncia silenciosa de um governo sem coração" (AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2014 às 14h52.

Os três fundadores do Occupy Central, principal movimento pró-democracia de Hong Kong, anunciaram entre lágrimas nesta terça-feira que se entregarão à polícia e pediram aos manifestantes que abandonem os locais ocupados há mais de dois meses.

"Enquanto nos preparamos para nos entregarmos, nós três pedimos aos estudantes que recuem" para "transformar" a natureza do movimento, afirmou um dos líderes do Occupy Central, Benny Tai.

O anúncio aconteceu depois que centenas de manifestantes pró-democracia enfrentaram a polícia no domingo, o que deixou dezenas de feridos, em uma das piores noites de violência desde o início dos protestos.

Os três fundadores afirmaram que pretendem se entregar à polícia na quarta-feira, em cumprimento ao Estado de direito e ao "princípio de paz e amor".

"Render-se não é fracassar, e sim uma denúncia silenciosa de um governo sem coração", disse Tai.

O ativista destacou a coragem dos ocupantes e criticou a polícia por estar "fora de controle". Ele disse que chegou o momento para que os manifestantes abandonem este "local perigoso".

Os professores Tai e Chan Kin-man, assim como o pastor batista Chu Yiu-ming, fundaram o grupo de desobediência civil Occupy Central no início de 2013 para pressionar o governo por reformas políticas, mas nas últimas semanas optaram por um papel mais discreto, ante o protagonismo crescente dos grupos mais radicais.

Até o momento não foi possível descobrir qual será a resposta ao apelo de Tai.

O líder estudantil Joshua Wong e outros dois colegas iniciaram uma greve de fome na segunda-feira, em uma última tentativa de forçar o governo local a negociar.

Apesar da falta de uma ordem específica de prisão contra os fundadores do movimento, as autoridades de Hong Kong e da China insistem que os protestos são ilegais.

Os manifestantes começaram a bloquear as principais avenidas em três pontos do território no fim de setembro.

Tai afirmou que não sabe como a polícia responderá a sua rendição, mas destacou que os três estão preparados para todas as consequências.

Ele acrescentou que o Occupy Central seguirá agora uma direção diferente para promover o movimento de desobediência civil, incluindo a educação e um novo estatuto.

Medidas desesperadas

Os manifestantes liderados pelos estudantes exigem eleições livres, sem a pré-seleção de candidatos das autoridades desta cidade chinesa semiautônoma.

O principal acampamento de protesto bloqueia um longo trecho de via expressa de várias faixas no distrito Admiralty, no centro de Hong Kong.

As autoridades comunistas chinesas insistem que os candidatos para as eleições de 2017 devem ser selecionados por um comitê do regime, mas os manifestantes reclamam que esta situação levará à eleição de um fantoche de Pequim.

"Esperamos que depois da greve de fome tenhamos uma oportunidade de falar claramente com as autoridades do governo. E que depois exista uma possibilidade de resolver este problema de Hong Kong", afirmou Wong, de apenas 18 anos, à imprensa.

O chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, que tem a renúncia exigida pelos manifestantes, pediu aos estudantes que tenham cuidado.

"Eu espero que os estudantes que estão participando na greve de fome possam cuidar de sua saúde, especialmente agora que está mais frio", declarou aos jornalistas.

A ex-colônia britânica, um território chinês que goza de ampla autonomia, enfrenta a pior crise política desde que foi devolvida a Pequim, em 1997.

Seus moradores têm direitos que não existem na China continental, mas o sentimento de que as liberdades estão ameaçadas é cada vez maior.

No domingo, manifestantes enfrentaram a polícia, que usou spray de pimenta contra os estudantes que tentavam cercar a sede do governo.

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