Agência de Notícias
Publicado em 27 de fevereiro de 2025 às 13h07.
Abdullah Ocalan, líder intelectual e fundador do PKK, o grupo guerrilheiro curdo da Turquia, fez um apelo nesta quinta-feira, 27, pela entrega das armas e o fim da violência, para pôr fim a um conflito que dura 40 anos e no qual morreram mais de 45.000 pessoas em combates e ataques.
"Todos os grupos deveriam abandonar as armas. O PKK deveria ser dissolvido. Faço esse apelo e assumo a responsabilidade histórica", declarou Ocalan em uma mensagem lida em uma coletiva de imprensa por membros do DEM, um partido progressista e pró-curdo, que se encontraram com ele hoje na prisão onde cumpre pena perpétua desde 1999.
O PKK é considerado um grupo terrorista pela Turquia, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE).
Na mensagem, cuja leitura foi transmitida ao vivo de um hotel em Istambul, o fundador do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) disse que o grupo guerrilheiro foi fundado em uma época de opressão e rejeição aos curdos.
A mensagem de Ocalan, à qual terão que responder os comandantes guerrilheiros no terreno, abre uma nova tentativa de acabar com o conflito.
Esse processo começou em outubro do ano passado, quando Devlet Bahçeli, líder do partido ultranacionalista MHP e aliado do presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, propôs que Ocalan fosse ao Parlamento para pedir publicamente o fim da violência.
O próprio líder curdo afirmou hoje que está lançando este apelo ao desarmamento graças à atmosfera criada por Bahçeli, a "determinação expressa" por Erdogan e as posturas positivas de outras partes.
"Peço ao PKK que realize um congresso e decida sobre sua dissolução", destacou Ocalan em sua carta, intitulada "Apelo à Paz e a uma Sociedade Democrática".
O fundador do grupo guerrilheiro curdo disse que o capitalismo moderno vem tentando desmantelar a aliança "milenar" entre turcos e curdos nos últimos 200 anos.
"Hoje, essa frágil relação histórica deve ser reorganizada em um espírito de fraternidade, sem abrir mão da fé", acrescentou a nota, na qual fala da necessidade de uma sociedade democrática na Turquia.
Ocalan comentou que o PKK, que fundou em 1978 para alcançar a independência dos curdos em um Estado próprio, foi "o mais longo e extenso movimento insurgente e violento na história da República" da Turquia, e que sua força veio da ausência de "canais democráticos".
Além disso, ressaltou que não há alternativa à democracia na Turquia e que o consenso é necessário.
"Saúdo todos os setores da sociedade que acreditam na coexistência e atendem ao meu chamado", concluiu a mensagem de Ocalan.