Mundo

Fundação suíça certifica autenticidade de comunicado do ETA

A dissolução do grupo separatista ETA foi confirmada pela Centro Henri Dunant para o Diálogo Humanitário

ETA: o grupo separatista basco tinha cerca de 3 mil militantes (Vincent West/Reuters)

ETA: o grupo separatista basco tinha cerca de 3 mil militantes (Vincent West/Reuters)

E

EFE

Publicado em 3 de maio de 2018 às 13h35.

Genebra - O diretor-executivo do Centro Henri Dunant para o Diálogo Humanitário, David Harland, certificou nesta quinta-feira a "autenticidade" do comunicado do grupo terrorista ETA no qual anuncia o fim de sua trajetória.

"Posso dizer que hoje, dia 3 de maio, às 14h locais (9h em Brasília) o ETA deixou de existir. Esta informação foi hoje oficialmente comunicada aos governos de França e Espanha", afirmou Harland em um ato para um grupo de jornalistas, entre eles a Agência Efe, e que contou com a presença de testemunhas, como a ex-ministra da Justiça da França, Christiane Taubira.

Harland disse que a Fundação recebeu uma declaração final oficial do ETA acompanhada de uma carta da organização explicando sua decisão.

O Centro para o Diálogo Humanitário, especializado na mediação e resolução de conflitos, "tem certeza que tanto a declaração como a carta são oficiais e autênticas", afirmou Harland.

No texto enviado à fundação suíça, o "ETA afirma que decidiu pôr fim a seus 60 anos de existência. A decisão foi tomada por todos os membros da organização, que apoiaram por grande maioria esse passo proposto pela liderança. Quase 3 mil militantes participaram de uma forma ou de outra no processo, mas só a metade deles puderam votar", indicou Harland.

"Ao final, 93% dos que participaram apoiaram a decisão" de pôr "fim à atividade política", como sequência lógica após a decisão adotada em 2011 de deixar definitivamente a luta armada e o "desarmamento em 2017", leu Harland na carta do ETA.

"Não deveria haver nenhuma dúvida da vontade do ETA de deixar para trás um ciclo de confronto armado e de promover um novo período político em nosso país", diz a carta, segundo o diretor-executivo do Centro para o Diálogo Humanitário.

Harland leu em seguida a declaração do ETA, na qual o grupo garante que "desmantelou totalmente o conjunto de suas estruturas e dá por concluída toda a sua atividade política", mas "os e as ex-militantes continuarão com a luta por uma Euskal Herria reunificada, independente, socialista, euskaldun e não patriarcal em outros âmbitos".

"Espero e acredito que isso é o fim do confronto, durante o qual o ETA assassinou mais de 850 pessoas e feriu outras milhares. Foi um confronto duro que também viu alguns dos detidos por supostamente apoiarem o ETA serem torturados e o assassinato de membros suspeitos do ETA por parte de mercenários dirigidos por alguns integrantes do Estado", acrescentou Harland.

"Tudo isso foi profundamente ofensivo e polarizador. Foi um longo caminho até aqui. Mais de 15 anos de esforços para pôr fim à violência armada e conseguir a paz", reiterou Harland.

Para o diretor-executivo do Centro para o Diálogo Humanitário, após o "desarmamento" do ETA e de uma declaração recente na qual o grupo pediu desculpas, mas apenas aos que não estavam relacionados "diretamente" com o que eles sempre qualificam de "conflito", "a última exigência pendente dos governos da França e da Espanha era que o grupo se desmantelasse" e "isso aconteceu hoje".

Harland agradeceu a todas as pessoas, instituições e governos que apoiaram os esforços de paz ao longo dos anos, entre os quais citou Jesús Eguiguren, ex-presidente do Partido Socialista do País Basco, assim como o ex-presidente do governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero e o atual presidente regional basco, Iñigo Urkullu, além do líder independentista basco Arnaldo Otegi.

"Resta pela frente um longo trabalho de reconciliação que requereria reconhecimento, respeito, pedido de desculpas e apoio a todas as vítimas da violência, assim como um compromisso com a verdade e a justiça", disse Harland durante o ato, no qual foi feito um minuto de silêncio pelas vítimas do grupo terrorista.

"Que esse sofrimento nunca mais volte a acontecer", concluiu Harland.

 

Acompanhe tudo sobre:EspanhaFrançaSuíçaTerroristas

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia